Uma delegação israelense está no Cairo negociando a extensão da primeira fase do cessar-fogo na Faixa de Gaza, que termina neste sábado (1º), em vez de avançar para a segunda etapa do acordo, como previsto inicialmente.
A informação foi divulgada nesta sexta-feira (28) por duas fontes de segurança egípcias, segundo a agência de notícias Reuters. As negociações, mediadas por Egito e Catar com apoio dos Estados Unidos, tentam evitar o colapso da trégua que interrompeu 15 meses de guerra na região.
Por meio do acordo, assinado em janeiro, o grupo terrorista Hamas libertou 25 reféns israelenses e os restos mortais de outras oito pessoas. Já Israel soltou quase dois mil palestinos que haviam sido detidos no passado.
Os corpos dos últimos quatro israelenses que seriam libertados durante a primeira fase da trégua foram entregues na quinta-feira (27). Os restos mortais foram entregues à Israel em troca de centenas de prisioneiros palestinos.
Agora, Israel propõe estender a primeira fase por mais 42 dias, com os terroristas do Hamas liberando três reféns por semana em troca de mais prisioneiros palestinos, segundo fontes egípcias ouvidas pela Reuters. No entanto, o grupo palestino insiste na transição imediata para a segunda fase, que prevê medidas mais amplas.
O que está previsto para a segunda fase?
A segunda etapa do cessar-fogo, também planejada para durar 42 dias, deveria incluir a retirada total das tropas israelenses de Gaza e a libertação de todos os reféns vivos ainda em poder do Hamas — cerca de 24 das 59 que foram sequestradas –, além de mais prisioneiros palestinos.
O objetivo é pavimentar o caminho para o fim permanente da guerra. No entanto, as negociações para essa transição mal começaram, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, tem dado sinais de resistência a esse cronograma.
Um oficial israelense afirmou à CNN que os militares pretendem manter o controle do Corredor Filadélfia, na fronteira entre Gaza e Egito, mesmo após o término da primeira fase. Isso contraria os termos da segunda etapa, que exigiria o início da retirada das tropas neste sábado e sua conclusão em oito dias, segundo demandas do grupo terrorista Hamas.
A falta de consenso sobre o futuro de Gaza — incluindo a governança, segurança e reconstrução da região — complica ainda mais as discussões.
Pressão internacional e incertezas
O Hamas apelou na sexta-feira à comunidade internacional para pressionar Israel a avançar para a segunda fase “sem demora”. Já Varsen Aghabekian, alta funcionária da Autoridade Palestina, declarou em Genebra que deseja o cumprimento do plano original.
Enquanto isso, o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou na quinta-feira (27) que há “conversas muito boas acontecendo”, mas evitou prever se a trégua evoluirá para a próxima etapa. “Ninguém sabe realmente, mas veremos o que acontece”, disse à Reuters.
No início de fevereiro, Trump sugeriu que os EUA assumam o controle de Gaza e a transformem em uma “Riviera do Oriente Médio”, com os palestinos realocados para Egito e Jordânia — ideia rejeitada por países árabes e europeus, que defendem uma solução de dois Estados.
O republicano chegou a publicar na última quarta-feira (26) um vídeo gerado por inteligência artificial que transforma Gaza em um luxuoso complexo de resorts, com arranha-céus, praias lotadas de iates e uma estátua gigante do republicano no meio de uma rua.
A guerra foi iniciada em 7 de outubro de 2023 depois de um ataque de terroristas do Hamas que matou cerca de 1.200 pessoas e capturou 250 reféns em Israel. Desde então, mais de 48.000 pessoas foram mortas em Gaza por ataques israelenses, segundo autoridades palestinas.
Fonte: R7
Foto: Reprodução/JR na TV