Presidente deve lançar fundo de preservação e se reunir com príncipe William e primeiro-ministro do Reino Unido O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abre nesta quinta-feira (6) a cúpula de líderes da COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025), que reúne chefes de governo e de Estado de ao menos 143 países até sexta (7). O evento em Belém (PA) não contará com a presença dos presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, nem da Argentina, Javier Milei, que não priorizam a pauta climática. Apesar das ausências, os dois países terão delegações de representantes na cúpula e na COP30, que começa na próxima segunda (10) e vai até 21 de novembro. Pela manhã, Lula recebe as autoridades e, em seguida, abre a sessão plenária da cúpula. No almoço, o presidente lança o TFFF (Fundo Florestas Tropicais para Sempre, na sigla em inglês), iniciativa brasileira de preservação ambiental (leia mais abaixo). Lula busca investimentos externos no fundo. De tarde, o petista inaugura a primeira sessão temática da cúpula, sob o chamado de “Clima e Natureza: Florestas e Oceanos”. Após os debates, Lula oferece um jantar aos líderes globais. Entre os eventos oficiais, o presidente deve seguir com reuniões bilaterais com autoridades de outros países. Para esta quinta, estão previstos encontros com o príncipe de Gales, William, o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, e o presidente da França, Emmanuel Macron. Cúpula dos líderes Segundo a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, a cúpula será o momento em que os líderes mundiais “darão o termo de referência” para orientar as negociações da COP30. Embora nas últimas COPs — realizadas nos Emirados Árabes Unidos e no Azerbaijão — as reuniões de líderes tenham aberto oficialmente o evento, o formato deste ano será diferente: o encontro de alto nível foi deslocado do calendário oficial da conferência, mas manterá o papel de definir as diretrizes políticas que guiarão as tratativas da COP30. Na sexta-feira, os debates se concentrarão em transição energética pela manhã e, à tarde, em NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas), financiamento climático e nos dez anos do Acordo de Paris. Além disso, são esperadas, para a cúpula dos líderes, novas iniciativas e compromissos multilaterais. Entre eles, o Chamado à Ação sobre Manejo Integrado do Fogo, o Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis e a Declaração sobre Fome, Pobreza e Ação Climática. Lula também deve apresentar um Chamado à Ação Climática, para identificar lacunas na implementação do regime internacional do clima e propor soluções para superá-las. Fundo de preservação O governo brasileiro estabeleceu como meta a captação de US$ 10 bilhões em investimentos públicos dos países para o TFFF, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A expectativa é de que o objetivo seja atingido até o fim de 2026, ainda durante a presidência brasileira da COP. Em setembro, durante discurso na ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York, nos Estados Unidos, Lula anunciou que o Brasil vai investir US$ 1 bilhão. “O Brasil vai liderar pelo exemplo e se tornar o primeiro país a se comprometer com o investimento no fundo”, declarou, na ocasião. Marina Silva acredita que a iniciativa tem potencial para gerar US$ 4 bilhões por ano. A projeção, segundo a ministra, pode fazer com que o valor direcionado por países ao TFFF seja até três vezes maior do que todos os recursos que atualmente são enviados para ecossistemas florestais. Investimentos O fundo é complementar a outras medidas já existentes de apoio e financiamento a ações de preservação, conservação e recuperação ambiental. A iniciativa é inédita e funcionará por meio de um mecanismo de financiamento. Os investimentos serão destinados a preservar as florestas tropicais — presentes em cerca de 70 países —, cruciais para a regulação do regime de chuvas e captura de carbono na atmosfera. A expectativa brasileira é de que 20% do capital do TFFF seja feito por governos, e 80%, por fontes privadas, o que inclui fundos de investimento e filantropia internacional. A contribuição ao fundo não será considerada uma doação, mas um investimento, com retorno anual competitivo em relação ao mercado e devolução integral do valor após cerca de 40 anos. O Brasil já conduz negociações com potenciais investidores estrangeiros, como Reino Unido, França, Noruega, Alemanha e Emirados Árabes Unidos. A proposta também busca articulação com países da Bacia do Congo e da Ásia, que reúnem grandes áreas de florestas tropicais. Fonte: R7 Foto: Ricardo Stuckert/PR