Capacidade natural de autorregulação deve ser preservada desde os primeiros alimentos para prevenir problemas futuros
Na fase de introdução alimentar, entre seis e 12 meses, quem determina a quantidade de comida ingerida deve ser o próprio bebê. A nutricionista Luciana Martinuzzo, do Departamento de Alimentação Escolar da Centrais de Abastecimento (Ceasa) Campinas, defende que respeitar a autorregulação natural da criança é fundamental para estabelecer uma relação saudável com a comida ao longo da vida.
“Crianças que recebem aleitamento materno exclusivo até os seis meses desenvolvem muito cedo a capacidade de autocontrole da ingestão, aprendendo naturalmente a distinguir as sensações de fome e saciedade. Essa habilidade inata deve ser preservada e estimulada”, explica Martinuzzo.
Quantidade por idade e peso
A capacidade gástrica do bebê varia conforme seu peso, sendo de 20 a 30 mililitros por quilo. “Uma criança de 8 quilos, por exemplo, tem capacidade para cerca de 160 a 240ml por refeição. Mas o importante não é forçar essa quantidade, e sim oferecer e deixar a criança decidir quanto consumir”, orienta a especialista.
Sinais de fome que os adultos devem reconhecer:
– inclinar-se em direção ao alimento;
– pegar ou apontar para a comida;
– chorar ou resmungar quando vê alimento;
– levar as mãos à boca repetidamente;
– abrir a boca quando aproxima-se a colher;
– demonstrar agitação na presença de comida.
Sinais de saciedade:
– diminuir o ritmo da mastigação;
– fechar a boca e recusar a colher;
– empurrar o prato ou alimento;
– virar a cabeça ou o corpo para o lado oposto;
– perder interesse, olhando para outros estímulos;
– brincar com a comida em vez de consumir;
– jogar alimentos no chão.
Interpretação correta dos sinais
“Nem todo choro é fome. É fundamental que pais e educadores aprendam a interpretar os diferentes sinais da criança, e respeitem suas necessidades reais”, alerta Martinuzzo.
A sequência adequada é sempre oferecer primeiro a comida e depois o leite materno, mas nunca como recompensa. “O leite materno continua sendo o principal alimento do bebê nessa fase, porém não deve ser usado para ‘compensar’ uma refeição recusada”, esclarece.
Foto: Prefeitura de Campinas











