Cenipa, órgão responsável por apurar acidentes aéreos, tem 30 dias para entregar relatório preliminar
As investigações sobre a queda de um avião na Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo, nessa sexta-feira (7), ficarão a cargo do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos). A primeira fase da apuração já foi iniciada com a chamada Ação Inicial, que consistiu na coleta e confirmação de dados, na preservação dos elementos, na verificação inicial dos danos causados à aeronave ou por ela, e no levantamento de outras informações necessárias à investigação. O órgão tem 30 dias para apresentar um relatório preliminar do ocorrido, segundo as normas internacionais de aviação.
A Ação Inicial foi finalizada ainda na sexta. Segundo o Cenipa, a investigação continua “com o levantamento de outras informações necessárias, a fim de identificar os possíveis fatores contribuintes”.
Reunindo as informações sobre a aeronave, a tripulação e as condições nas quais o voo foi realizado, a equipe começa a elaboração do relatório final.
“A conclusão dessa investigação terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade da ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os possíveis fatores contribuintes”, disse o órgão.
O avião caiu momentos depois de decolar do Aeroporto Campo de Marte. A queda ocorreu na Avenida Marquês de São Vicente, nas proximidades dos Centros de Treinamento do Palmeiras e do São Paulo. Ao bater no chão, o avião explodiu. Depois, atingiu um ônibus, que pegou fogo com o impacto.
As duas pessoas que estavam no avião morreram. As vítimas são o advogado Márcio Louzada Carpena, dono do avião, e o piloto Gustavo Medeiros. Os dois foram encontrados carbonizados.
Além disso, seis pessoas que estavam em solo ficaram feridas, mas sem gravidade. Cinco delas estavam no ônibus. Um motociclista que passava pelo local e caiu no momento do acidente também se feriu.
Eles não se queimaram porque o incêndio se alastrou pelo ônibus de forma lenta e foi extinto com menos de 10 minutos.
Fases da investigação
Análise de dados
Após a conclusão da Ação Inicial, a investigação avançará para a fase de análise de dados. Neste estágio, serão examinadas as atividades relacionadas ao voo, o ambiente operacional e os fatores humanos, bem como um estudo pormenorizado de componentes, equipamentos, sistemas, infraestrutura, entre outros.
Segundo o site oficial do Cenipa, a investigação é um processo realizado com o propósito de prevenir novos acidentes e envolve a reunião e análise de informações, além da obtenção de conclusões. Esse trâmite inclui, ainda, a identificação dos fatores contribuintes para a ocorrência, visando a formulação de recomendações sobre a segurança.
Além disso, o Centro afirma não trabalhar com “causas” de um acidente desse tipo. Na realidade, os profissionais envolvidos entendem que existem “uma série de fatores contribuintes que possuem o mesmo grau de influência na culminância do acidente”.
Caixa preta
A caixa preta é um dos itens mais fundamentais na investigação. Apesar do nome, a caixa é, na realidade, laranja, pois essa cor facilita a identificação do objeto em áreas extensas ou com grande destruição. O equipamento é um gravador que pode registrar informações como os áudios dos pilotos na cabine ou os dados dos comandos executados pela aeronave durante o voo. É fabricada com material resistente e projetada para suportar altos impactos, calor e até pressões em águas profundas.
Cada avião possui um tipo de caixa preta: as comerciais de grande porte precisam ter gravador de voz e registro dos comandos, enquanto aeronaves de pequeno porte são exigidas a ter, no mínimo, um desses componentes. Alguns veículos, no entanto, nem possuem o equipamento. O acesso às informações é complexo e é feito no laboratório especializado em leitura e análise de dados de gravadores de voo da Força Aérea. O Labdata é o único a oferecer o serviço na América Latina.
Após o download das informações coletadas com a caixa preta, os dados são encaminhados para o encarregado da investigação, que, a partir desse material, pode simular as situações apresentadas pelo equipamento com a ajuda de softwares.
Fonte: R7
Foto: Reprodução/Record