Crime teria sido motivado por disputa patrimonial; vítimas foram encontradas mortas dentro de carro em chácara na zona rural
Um casal de Araraquara foi brutalmente assassinado na zona rural de São Pedro (SP) em um crime que, segundo a Polícia Civil, teve como motivação principal a disputa por patrimônio. As vítimas saíram de Araraquara na tarde da sexta-feira, 4 de abril, com destino a uma chácara de sua propriedade no município vizinho, mas nunca mais foram vistas com vida.
No trajeto, pararam em um sítio também pertencente a eles, onde foram vistos acompanhados de um dos investigados. Foi a última vez em que o casal foi visto. No mesmo dia, à noite, o veículo das vítimas foi abandonado na chácara com os corpos no interior. Um parente afirmou que o carro foi conduzido de forma atípica, o que indicaria que nenhuma das vítimas estava ao volante. O alarme da residência sequer foi desligado, e o carro ainda continha objetos pessoais e até um cooler com alimentos perecíveis, não descarregado.
Os corpos foram encontrados somente no domingo à noite, dia 6 de abril, dentro do veículo. Desde então, a investigação foi conduzida de forma intensa e revelou um esquema fraudulento que culminou no homicídio.
Esquema de fraudes e falsificações
De acordo com a apuração da Polícia Civil, os mandantes do crime seriam dois advogados, que atuavam como representantes legais das vítimas. Durante a investigação, foi identificado que os profissionais induziram o casal a erro em diversos processos judiciais, resultando no pagamento de mais de R$ 2,8 milhões em despesas processuais inexistentes. Para viabilizar a fraude, os advogados teriam falsificado guias DARE, comprovantes de pagamento e até mesmo uma decisão judicial.
Além disso, sob o argumento de promover “proteção patrimonial”, os suspeitos teriam se apropriado de aproximadamente R$ 12 milhões em imóveis pertencentes às vítimas.
Execução e prisões
Após a suposta expropriação do patrimônio, os advogados teriam encomendado a morte do casal. As investigações identificaram dois homens como os executores do crime, que teriam sido contratados pelos mandantes.
Nesta terça-feira (17), a Polícia Civil cumpriu mandados de prisão contra os quatro suspeitos — os dois advogados, de 44 e 47 anos, com escritório em São Carlos, e os supostos executores, de 54 e 57 anos. Também foram realizadas buscas nas cidades de São Carlos e Praia Grande, incluindo o escritório de advocacia dos investigados.
A Justiça determinou ainda o sequestro de bens dos advogados e o bloqueio das contas bancárias de todos os envolvidos, como forma de garantir eventual ressarcimento aos herdeiros e às autoridades.
Próximos passos
A Polícia Civil segue aprofundando a investigação, que deverá incluir perícias documentais, análise de fluxos financeiros e eventuais conexões com outros envolvidos. A prisão dos suspeitos marca um avanço importante no caso, que chocou as regiões de Araraquara e São Pedro pela brutalidade e pela frieza com que o crime foi articulado. (Renan Isaltino)
Fotos: divulgação
