As áreas desmatadas na Amazônia tiveram alta de 91% em maio, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), na última sexta-feira (06/06).
O relatório indica a derrubada de 960 km² (área equivalente a quase uma cidade de Belém) no mês, contra 502 km² em maio de 2024. O resultado é o segundo maior para o mês da série histórica iniciada em 2016. Ficou abaixo apenas do recorde de 1.390 km² em maio de 2021. É a segunda alta consecutiva deste ano: em abril, os alertas já haviam aumentado 55%.
Se considerado os últimos dez meses (agosto a maio), período que será contabilizado na taxa de desmatamento de 2025, houve aumento de 9,7% (3.502 km², ante 3.191 km² de agosto de 2023 a maio de 2024).
O secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, João Paulo Capobianco, atribuiu o aumento em maio ao que classificou de situação dramática provocada pelo agravamento de incêndios florestais.
“A perda de floresta em maio de 2025 se deu em maior quantidade em função de incêndios florestais, mudando uma trajetória histórica que até hoje não conhecíamos”, declarou Capobianco.
Segundo dados apresentados pelo secretário, mais da metade (51%) do desmatamento foi registrado em áreas de floresta incendiada. Essa proporção era de 6,6% em média nos meses de maio no período de 2016 a 2022, afirmou Capobianco, e chegou a 32% em maio de 2023, 21% em maio de 2024 e ao recorde de 51% em maio de 2025.
“O impacto dos incêndios florestais ao longo da história foi relativamente baixo sobre a taxa de desmatamento. Mas, agora, com o agravamento das mudanças climáticas, com a maior fragilidade da cobertura florestal, primária inclusive, estamos começando a assistir uma mudança de cenário que comprova os alertas que vinham sendo feitos pela ciência de que a floresta tropical, que é naturalmente imune a grandes incêndios, pela sua umidade, está sofrendo impacto muito grande das mudanças climáticas, reduzindo a sua resistência a incêndios e tornando-se mais vulnerável. Os dados infelizmente começam a aparecer nas estatísticas”, revela Capobianco.
Segundo ele, o colapso da floresta por incêndio, que decorre de mudança climática dramática, precisa ser entendido como responsabilidade comum de todos os países signatários da Convenção do Clima.
No recorte por Estados, a maior alta em maio foi registrada em Mato Grosso: 237%, de 186 km² para 627 km². Um dos motores do desmatamento no Estado é o uso do correntão prática devastadora autorizada por decreto legislativo. No Amazonas houve aumento de 22% (de 117 km² para 143 km²) e no Pará, oscilação de 5% (de 138 km² para 145 km²).
Fonte: Climatempo
Foto: Mayangdi Inzaulgarat/Ibama