
Copom deve manter taxa de juros em 15% nesta quarta e adiar início de cortes para 2026
Mercado financeiro projeta Selic estável no maior patamar desde 2006; decisão do Banco Central ocorre em uma ‘superquarta’ O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central define nesta quarta-feira (17) a nova taxa básica de juros da economia brasileira. A expectativa predominante entre analistas financeiros indica estabilidade no patamar atual — 15%, o maior desde 2006. A rodada de discussões teve início na terça-feira (16). A nova taxa valerá ao menos pelos próximos 45 dias, quando os diretores do BC voltam a se reunir para discutir novamente a conjuntura econômica nacional. No encontro anterior, o comitê interrompeu o ciclo de sete altas consecutivas iniciado em setembro de 2024. Na última ata, o comitê reforçou que a Selic deveria continuar em patamar elevado já que política monetária seguiria “significativamente contracionista” por “período bastante prolongado”, enquanto as expectativas de inflação permanecem desancoradas. Superquarta no Brasil e nos EUA O anúncio desta quarta-feira ocorre durante a chamada “superquarta” — quando decisões sobre juros são divulgadas simultaneamente por autoridades monetárias do Brasil e dos Estados Unidos. O Fed (Federal Reserve, banco central norte-americano) deve reduzir a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, o primeiro corte de 2025. A instituição, alvo de críticas do presidente Donald Trump, tende a confirmar a pressão do republicano por juros mais baixos — medida que enfraqueceria o dólar e impulsionaria a atividade econômica. Demissão de diretora Neste domingo (14), o norte-americano renovou um pedido de emergência para que um tribunal de apelações dos EUA autorize a demissão de Lisa Cook, diretora do Fed. A defesa de Cook alega falta de fundamentos legais para a demissão e alerta para riscos à economia caso o tribunal acate a solicitação, enquanto o governo sustenta que os argumentos apresentados não têm respaldo jurídico. Projeções do mercado Os economistas do mercado financeiro mantiveram a estimativa para a taxa básica de juros em 2025, projetando que a Selic encerre o ano em 15% ao ano, segundo o boletim Focus, divulgado pelo Banco Central. Para os anos seguintes, houve ajustes pontuais. A previsão para 2026 recuou de 12,50% para 12,38% ao ano, enquanto, para 2027, a expectativa segue em 10,50% ao ano. Segundo a Warren Investimentos, a manutenção da Selic em 15% deve ocorrer devido à desaceleração gradual da atividade, à acomodação dos dados de crédito e à valorização do real frente ao dólar, enquanto ganhos reais de rendimento no mercado de trabalho exercem leve pressão sobre os preços, especialmente em itens sensíveis à demanda. O início do ciclo de cortes é projetado apenas para janeiro de 2026, com redução de 0,25 ponto percentual, mas a trajetória da Selic seguirá dependente das próximas leituras do IPCA, a inflação oficial, e da evolução do mercado de trabalho, fatores que podem prolongar a taxa em patamar elevado. O que é a Selic? A Selic representa o principal instrumento de controle do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Taxas elevadas encarecem o crédito, limitam o consumo e a produção e podem desacelerar o crescimento econômico. Na prática, elevações na Selic aumentam os juros aplicados a financiamentos, empréstimos e cartões de crédito, desestimulando a demanda e contribuindo para a contenção da inflação. Histórico Entre agosto de 2022 e junho de 2023, a Selic permaneceu em 13,75% ao ano. Em seguida, ocorreram seis cortes consecutivos de 0,5 ponto percentual e outro de 0,25, reduzindo a taxa para 10,5% em maio de 2024. Esse patamar vigorou até setembro do mesmo ano, quando o Copom iniciou uma nova série de elevações, levando os juros para 10,75%. Desde então, houve sete aumentos sucessivos, até atingir os atuais 15% — o nível mais elevado desde 2006. Perguntas e respostas Qual é a expectativa do Copom em relação à taxa de juros nesta quarta-feira? A expectativa é de que o Copom mantenha a taxa de juros em 15%, o maior patamar desde 2006. Quando o Copom se reunirá novamente para discutir a taxa de juros? O Copom se reunirá novamente em 45 dias para discutir a conjuntura econômica nacional. O que foi decidido na reunião anterior do Copom? Na reunião anterior, o comitê interrompeu um ciclo de sete altas consecutivas iniciado em setembro de 2024. Qual é a posição do Copom em relação à política monetária e à inflação? O Copom reforçou que a Selic deve permanecer em um patamar elevado devido a uma política monetária “significativamente contracionista” por um “período bastante prolongado”, enquanto as expectativas de inflação permanecem desancoradas. O que é a “superquarta” e qual a sua importância? A “superquarta” é o dia em que decisões sobre juros são divulgadas simultaneamente por autoridades monetárias do Brasil e dos Estados Unidos, o que pode impactar o mercado financeiro. Qual é a previsão para a taxa de juros nos próximos anos? Os economistas projetam que a Selic encerre 2025 em 15% ao ano. Para 2026, a previsão é de 12,38% ao ano, e para 2027, de 10,50% ao ano. Por que a manutenção da Selic em 15% é considerada necessária? A manutenção da Selic em 15% é considerada necessária devido à desaceleração gradual da atividade econômica, à acomodação dos dados de crédito e à valorização do real frente ao dólar. Quando é projetado o início do ciclo de cortes na taxa de juros? O início do ciclo de cortes na taxa de juros é projetado apenas para janeiro de 2026, com uma redução de 0,25 ponto percentual. Como a Selic afeta a economia? A Selic é o principal instrumento de controle do IPCA e taxas elevadas encarecem o crédito, limitam o consumo e a produção, podendo desacelerar o crescimento econômico. Qual foi a trajetória da Selic nos últimos anos? Entre agosto de 2022 e junho de 2023, a Selic permaneceu em 13,75% ao ano, seguida por cortes que reduziram a taxa para 10,5% em maio de 2024. Desde então, houve sete aumentos sucessivos até atingir os atuais 15%. Fonte: R7 Foto: Raphael Ribeiro/Banco Central