O rapper Mauro Davi Nepomuceno dos Santos, conhecido como Oruam, se entregou à polícia pouco antes das 18h de terça-feira (22). A prisão ocorreu horas depois de a Justiça do Rio decretar a prisão preventiva do cantor. Ele se apresentou na Cidade da Polícia, acompanhado da mãe e da namorada.
A decisão da Justiça foi tomada após uma operação na noite de segunda-feira (21) que terminou em confronto na casa do artista, no bairro do Joá, Zona Oeste do Rio. Segundo a Polícia Civil, Oruam e amigos tentaram impedir o cumprimento de um mandado de apreensão contra um adolescente procurado por tráfico e roubo. Durante a ação, pedras foram lançadas contra os agentes e um policial ficou ferido.
O menor fugiu, mas também se entregou nesta terça. Oruam foi indiciado por sete crimes. Em vídeo publicado antes de se entregar, o cantor pediu desculpas, afirmou que vive da música e disse que vai “dar a volta por cima”.
Abaixo, entenda os principais elementos que levaram à ordem de prisão.
Confronto com a polícia na casa do rapper
A operação policial foi motivada pela presença de um adolescente foragido dentro da residência de Oruam. O jovem, segundo as investigações, seria segurança do traficante Doca, chefe do tráfico na Vila Cruzeiro, e teria atuação ligada ao Comando Vermelho. Durante a tentativa de apreensão, o rapper e outras pessoas teriam reagido com violência. Um agente foi atingido por uma pedra. A resistência foi registrada em vídeos utilizados pela Polícia Civil como parte do pedido de prisão.
Indiciamento por sete crimes
Oruam foi formalmente indiciado por tráfico de drogas, associação ao tráfico, resistência qualificada, desacato, dano qualificado, ameaça e lesão corporal. As acusações se referem aos eventos da noite de segunda-feira, além de elementos anteriores apurados pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes. A investigação aponta que a casa do artista servia como abrigo para criminosos e foragidos da Justiça.
Suspeita de vínculo com o Comando Vermelho
A polícia afirma que Oruam mantém laços com chefes da facção criminosa Comando Vermelho. Foram anexadas fotos dele ao lado de Doca e de Antônio Ilário Ferreira, conhecido como Rabicó, apontado como chefe da organização no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo. Para os investigadores, o cantor se apresenta em bailes financiados pela facção e mantém relações com traficantes foragidos. O secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, disse que não há mais dúvidas de que Oruam seria “ligado ao Comando Vermelho”.
Agressão verbal e física contra agentes públicos
Além do confronto físico, com o lançamento de pedras contra os policiais, Oruam teria ofendido verbalmente os agentes. Em vídeos registrados durante a operação, ele chama um delegado de “cuzão” e “covarde” e desafia os policiais com frases como “vem para a mão”. Uma viatura da polícia também foi danificada durante a ação, configurando dano ao patrimônio público.
Abuso de autoridade alegado pela defesa
Após a repercussão do caso, Oruam publicou vídeos afirmando que houve abuso de autoridade por parte dos policiais. Ele negou ser integrante de organização criminosa e afirmou que vive da própria arte. Em um dos registros, o rapper diz que “não é bandido” e que irá provar isso. As alegações não impediram o avanço do inquérito, e a Justiça manteve a prisão com base no risco à ordem pública.
Prisão preventiva para garantir investigação
A decisão pela prisão preventiva foi baseada no artigo 312 do Código de Processo Penal. O juiz entendeu que a medida era necessária para preservar a ordem pública e evitar interferências no andamento das investigações. A prisão não tem prazo definido e poderá ser mantida até o julgamento. Segundo a decisão, há provas suficientes da participação de Oruam nos atos apontados pela Polícia Civil.
Fonte: R7
Foto: Reprodução/Instagram