Operações foram realizadas na última sexta e movimentaram R$ 166,2 bilhões em todo o país
Dados divulgados pelo Banco Central mostram que o Pix registrou 297,4 milhões de transações em um único dia, estabelecendo um novo recorde.
Segundo o Banco Central, as operações foram realizadas na última sexta-feira (28) e movimentaram R$ 166,2 bilhões em todo o país.
O resultado supera o recorde anterior, registrado em setembro, e ocorreu em uma data marcada pelo pagamento da primeira parcela do 13º salário, além da coincidência com a Black Friday, fatores que impulsionaram o volume de transferências e pagamentos instantâneos.
“O resultado é mais uma demonstração da importância do Pix como infraestrutura digital pública para o funcionamento da economia nacional”, diz o Banco Central.
5 anos de Pix
Comum no dia a dia e no vocabulário brasileiro, o Pix completou cinco anos de existência em novembro. Criado pelo BC, instituição responsável por regulamentar o sistema financeiro nacional, a ideia surgiu a partir de estudos iniciados em 2016, que buscavam tornar os pagamentos mais ágeis, acessíveis e seguros.
De acordo com a pesquisa “O brasileiro e sua relação com o dinheiro”, lançada pelo BC no fim de 2024, a modalidade é usada por 76,4% da população.
No levantamento anterior, feito em 2021, meses após o serviço entrar em operação, ele era utilizado por 46% da população.
Além isso, segundo o BC, o Pix foi responsável por 50,9% das transações efetuadas no primeiro semestre deste ano.
Na avaliação do especialista em Meios de Pagamento e Fintechs Thiago Amaral, sócio da área de Meios de Pagamento e Fintechs do Barcellos Tucunduva Advogados (BTLAW), após meia década de existência, o Pix cumpre bem sua função, principalmente ao movimentar e modernizar o mercado.
“A combinação de participação ampla com custo muito baixo levou a uma forte migração de clientes para bancos digitais e instituições de pagamento, que passaram a disputar contas transacionais e relacionamento de forma mais agressiva”, analisa Amaral.
De acordo com o especialista, as novas funcionalidades da ferramenta, como cobrança, agendamento e uso intensivo de QR Code, abriram espaço para modelos de negócio inovadores em e-commerce, varejo físico, assinaturas e serviços recorrentes.
Com a grande adesão ao Pix, porém, tem sido necessário modernizar e criar novas formas de regulação do meio de pagamento.
“Foi preciso reforçar alguns pilares. A criação e o aperfeiçoamento do MED, os mecanismos de marcação de fraude, o tratamento de contas laranja, a padronização de procedimentos para bloqueio cautelar e devolução de valores e a exigência de monitoramento preventivo mais robusto são exemplos de frentes em que a regulamentação teve de ser calibrada. Em síntese, o modelo de base se manteve, mas o entorno jurídico-regulatório de segurança e prevenção a fraudes precisou ser aprimorado”, detalha o advogado.
Fraudes e golpes
Com a ampliação da ferramenta, a tendência é que cresça também a quantidade de golpes e fraudes envolvendo o sistema.
Amaral conta que, nas fraudes com Pix, o (STJ) Superior Tribunal de Justiça tem seguido a mesma lógica aplicada a outros canais eletrônicos.
Em regra, os bancos e as instituições de pagamento respondem de forma objetiva por falhas na prestação do serviço.
“A ideia central é que o risco de golpes massificados faz parte da atividade bancária digital, e o cliente não tem os mesmos meios técnicos para se proteger. Assim, quando as operações são claramente atípicas ou há falha nos mecanismos de segurança e monitoramento, a tendência é reconhecer o dever de ressarcir”, observa.
“Ao mesmo tempo, o STJ tem começado a traçar limites. Em situações de culpa exclusiva do consumidor, por exemplo, quando a própria vítima fornece senhas, ignora alertas de segurança ou atua de forma flagrantemente temerária, o Tribunal admite afastar a responsabilidade da instituição”, ressalta o especialista.
Internacionalização do PIX
Tão comum na rotina do brasileiro, o Pix continua sendo exclusivo para o país.
A internacionalização do instrumento está na agenda evolutiva do Banco Central, mas ainda em estágio de estudos e sem marco normativo definitivo para o início da operação.
Segundo Amaral, existe, por enquanto, mais um “Pix como referência” do que um arranjo internacional pronto para o público em geral.
“Do ponto de vista jurídico, o grande desafio é harmonizar regras de câmbio, prevenção à lavagem de dinheiro, proteção de dados e responsabilidade civil entre países ou blocos econômicos.
A tendência é que qualquer ‘Pix internacional’ nasça alinhado a padrões globais de pagamentos instantâneos e avance de forma gradual, começando por parcerias específicas entre alguns países e com forte ênfase em compliance cambial e cooperação entre autoridades supervisoras”, projeta.
Fonte: R7
Foto: Bruno Peres/Agência Brasil











