Parte da mística em torno de Osbourne foi construída com uma combinação única de teatralidade e excessos
Morreu, aos 76 anos, Ozzy Osbourne, o icônico vocalista da banda de heavy metal Black Sabbath, conhecido mundialmente como o “Príncipe das Trevas” e reverenciado por fãs como o “Padrinho do Heavy Metal”. A informação foi confirmada pela família do artista nesta terça-feira (22), em um comunicado emocionado.
“É com mais tristeza do que meras palavras podem expressar que temos que informar que nosso amado Ozzy Osbourne faleceu esta manhã. Ele estava com sua família e cercado de amor”, dizia a nota divulgada à imprensa.
Ozzy, cujo nome verdadeiro era John Michael Osbourne, se tornou uma lenda viva do rock desde o início dos anos 1970, quando, ao lado de Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward, formou o Black Sabbath. O grupo foi pioneiro no heavy metal, lançando clássicos como Paranoid, War Pigs e Sabbath Bloody Sabbath, músicas que exploravam temas sombrios como guerra, depressão e apocalipse com riffs pesados e letras provocativas.
Um personagem entre o terror e a realidade
Parte da mística em torno de Osbourne foi construída com uma combinação única de teatralidade e excessos. Um dos momentos mais controversos de sua carreira ocorreu em 1982, quando mordeu a cabeça de um morcego no palco, acreditando se tratar de um brinquedo. Após o incidente, precisou tomar vacina contra raiva. A cena, embora chocante, se tornou parte do folclore do rock — e ele mesmo a transformou em produto ao lançar morcegos de pelúcia com cabeça destacável.
Ozzy era frequentemente atacado por grupos conservadores e religiosos, acusado de influenciar negativamente os jovens. Apesar disso, sempre refutou alegações de adoração ao diabo.
“Fiz algumas coisas ruins na minha vida. Mas não sou o diabo. Sou apenas John Osbourne: um garoto da classe trabalhadora de Aston que largou o emprego na fábrica e foi em busca de diversão”, afirmou em sua autobiografia, lançada em 2010.
Da escuridão ao estrelato na TV
Nascido em Aston, Birmingham, Ozzy foi o quarto de seis filhos. Teve uma infância difícil, marcada pela dislexia e pelo abandono escolar aos 15 anos. Antes de se tornar astro do rock, trabalhou como operário e chegou a ser preso por roubo.
Em 2002, reinventou sua carreira ao se tornar uma estrela do reality show The Osbournes, exibido pela MTV. Ao lado da esposa Sharon e dos filhos Jack, Kelly e Aimee, Osbourne conquistou uma nova geração de fãs, que se encantou com o contraste entre o ícone do heavy metal e o homem simples e engraçado do cotidiano.
Legado eterno
Ao longo de sua carreira, Osbourne vendeu mais de 100 milhões de discos, somando os trabalhos com o Black Sabbath e a carreira solo. Ele recebeu diversos prêmios, homenagens e inspirou gerações de músicos.
Em 2020, revelou publicamente que havia sido diagnosticado com Parkinson, doença que o afastou dos palcos e comprometeu sua mobilidade. Mesmo assim, fez sua última apresentação em 5 de julho de 2025, em sua terra natal, Birmingham. Sentado, e visivelmente debilitado, Ozzy agradeceu ao público que o acompanhava comovido.
“Obrigado pelo apoio ao longo dos anos. Obrigado do fundo do meu coração. Eu amo vocês”, disse.
A despedida emocionou fãs e ícones da música, com homenagens de artistas como Steven Tyler (Aerosmith), James Hetfield (Metallica) e Elton John, que celebraram o impacto incomparável de Osbourne na história da música.
A causa da morte não foi divulgada. Ozzy deixa a esposa, cinco filhos, netos e um legado imortal na história do rock. Para muitos, o Príncipe das Trevas não se foi — apenas retornou ao seu trono nas lendas do heavy metal. (Renan Isaltino)
Fonte: Reuters
Foto: R7
