Ele estava internado desde o dia 11 de agosto na UTI do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre

 O escritor gaúcho Luis Fernando Verissimo morreu na madrugada deste sábado (30), aos 88 anos, em decorrência de complicações de uma grave pneumonia. Ele estava internado desde o dia 11 de agosto na UTI do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre.

 O velório será realizado na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, a partir do meio-dia.

Trajetória multifacetada

 Filho do também escritor Érico Verissimo, Luis Fernando construiu uma carreira marcada pela versatilidade e pelo humor refinado. Atuou como cartunista, tradutor, roteirista, publicitário, revisor, dramaturgo e romancista, além de cronista, gênero em que se tornou um dos mais lidos e queridos do país.

 Ao longo da vida, publicou mais de 80 livros, entre eles As Mentiras que os Homens Contam, O Popular: Crônicas ou Coisa Parecida, A Grande Mulher Nua e Ed Mort e Outras Histórias. O livro O Analista de Bagé (1981) esgotou sua primeira edição em apenas uma semana, consolidando o escritor como fenômeno editorial.

Humor e crítica social

 A obra de Verissimo é marcada pelo bom humor, a ironia e a crítica social. Em entrevista ao programa Sem Censura, da TV Brasil, ele contou que iniciou “tarde” na literatura, após trabalhar na redação do jornal Zero Hora, nos anos 1960.

 Conhecido pela discrição, brincava sobre sua fama de calado: “não era eu que falava pouco, eram os outros que falavam muito”.

Música e filosofia de vida

 Além da literatura, Verissimo tinha uma paixão pela música e pelo saxofone. Em 2017, ao completar 80 anos, declarou ao programa Conversa com Rosean Kennedy, da TV Brasil, como gostaria de ser lembrado:

 “Gostaria de ser lembrado pelo que eu fiz, pelos meus livros. E, talvez, pelo solo de um saxofone, um blues de saxofone bem acabado.”

Na mesma entrevista, falou sobre a vida com sua habitual ironia:

“No fim, pensando bem, a vida é uma grande piada. Acontece tudo isso com a gente, e a gente morre… que piada, né? Que piada de mau gosto. Mas acho que temos que encarar isso com uma certa resignação, uma certa bonomia.”

Legado

 Verissimo deixa a esposa, Lúcia Helena Massa, e três filhos: Pedro, Fernanda e Mariana. Ele enfrentava problemas de saúde nos últimos anos: tinha mal de Parkinson, problemas cardíacos, sofreu um AVC em 2021 e recebeu um marca-passo no coração em 2022.

 Sua morte encerra a trajetória de um dos escritores mais populares e influentes da literatura contemporânea brasileira, cuja obra segue viva no humor, na crítica e na música que tanto amava. (Renan Isaltino)

Fonte: Agência Brasil

Foto: R7