Grupo quer impedir taxa de 10% sobre carros sem percentual de produção nacional
Quatro grandes grupos de fabricantes de automóveis instalados no Brasil, representando ao todo oito marcas, enviaram ao presidente Lula uma carta reivindicando o que chamam de uma competição igual entre empresas instaladas no país.
A carta é assinada por quatro altos executivos, que pedem providência do governo para evitar que grupos empresariais montem veículos sem produção nacional em troca de impostos reduzidos. É um recado claro, principalmente, às montadoras chinesas.
A carta tem a assinatura da General Motors, Toyota, Volkswagen e Stellantis, que produz veículos de cinco marcas (Fiat, Jeep, RAM, Peugeot e Citroën), e menciona o risco do compromisso de R$ 180 bilhões em investimentos no Brasil.
O grupo de marcas quer evitar que o governo ceda a empresas como a BYD uma alíquota reduzida em 10% para montar veículos em regime semidesmontados (SKD) e desmontados (CKD). A BYD pediu o regime especial ao Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex-Camex), que fará uma reunião no dia 30 de julho para decidir a questão.
Apesar do pedido, não só a BYD seria beneficiada com a medida, mas diversos grupos chineses. Marcas como GAC, OMODA & Jaecoo, e Zeekr/Lynk&Co buscam meios de viabilizar a montagem dos seus veículos para evitar as taxas impostas pelo Governo Federal, que chegarão a 35% em 2028.
Confira o conteúdo da carta da íntegra
“É nosso dever alertar, Senhor Presidente, que esse cicio virtuoso de fortalecimento da indústria nacional está sendo colocado em risco e sofrerá forte abalo se for aprovado o incentivo à importação de veículos desmontados para serem acabados no país.
Ao contrário do que querem fazer crer, a importação de conjuntos de partes e peças não será uma etapa de transição para um novo modelo de industrialização, mas representará um padrão operacional que tenderá a se consolidar e prevalecer, reduzindo a abrangência do processo produtivo nacional e, consequentemente, o valor agregado e o nível’e geração de empregos.
Por uma questão de isonomia e busca de competitividade, essa prática deletéria pode disseminar-se em toda a indústria, afetando diretamente a demanda de autopeças e de mão de obra. Seria uma forte involução, que em nada contribuiria para o nível tecnológico de nossa indústria, para a inovação ou para a engenharia nacional. Representaria, na verdade, um legado de desemprego, desequilíbrio da balança comercial e dependência tecnológica”.
Fonte: R7
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