Um flagrante realizado no Aeroporto Internacional de Viracopos, em setembro de 2023, foi o ponto de partida para uma investigação que resultou, nesta quarta-feira (3), na deflagração da Operação Nexus Aliciae, da Polícia Federal. A ação visa desarticular uma organização criminosa transnacional especializada no envio de drogas à Europa utilizando “mulas” — pessoas aliciadas para transportar entorpecentes no próprio corpo, conhecidas como engolidores.
De acordo com a Polícia Federal, a quadrilha atuava a partir de diversos aeroportos brasileiros, com destaque para os de Viracopos (Campinas), Guarulhos (SP), Fortaleza (CE) e Corumbá (MS). A operação desta quarta cumpriu dois mandados de prisão preventiva e quatro de busca e apreensão nos estados do Ceará e do Rio Grande do Sul. As ordens judiciais foram expedidas pela 9ª Vara Federal de Campinas, responsável por conduzir o caso.
As investigações revelaram que o grupo era dividido em dois núcleos: um dedicado ao aliciamento de transportadores — responsável por recrutar pessoas, comprar passagens, custear hospedagens e manter contato com os receptadores no exterior — e outro formado pelos próprios transportadores, identificados até agora em 17 pessoas.
Desde o início da apuração, com base no flagrante em Campinas, foram realizados oito flagrantes distintos e apreensões de drogas tanto no Brasil quanto na Europa. Ao todo, 11 pessoas foram presas ao longo da investigação. Os destinos principais das drogas eram Espanha, França, Itália e Suíça, onde o entorpecente era entregue a integrantes do esquema.
Segundo a PF, o grupo operava com profissionalismo e lucratividade, mantendo uma estrutura que permitia o envio contínuo de drogas para o exterior, mesmo após apreensões anteriores. A atual fase da operação visa aprofundar a identificação de todos os envolvidos, além de desmantelar a base financeira da organização. Bens e valores dos investigados foram alvo de bloqueio judicial.
Os envolvidos responderão pelos crimes de tráfico internacional de drogas e organização criminosa, cujas penas podem ultrapassar 20 anos de prisão.
Foto: PF