O Brasil é um país pacífico. Nós investimos em armas, nas nossas forças, para defender o nosso patrimônio
O ministro da Defesa, José Múcio, afirmou nesta sexta-feira (05) que acompanha com preocupação a escalada da crise entre Estados Unidos e Venezuela e que o Brasil tem reforçado a presença militar na fronteira para evitar que o conflito afete o território nacional.
“Estamos preocupados, como eu disse, com a nossa fronteira, para que ela não sofra e não transforme a nossa fronteira numa trincheira. O Brasil é um país pacífico. Nós investimos em armas, nas nossas forças, para defender o nosso patrimônio. Não é de olho na terra de ninguém”, disse Múcio, após encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o ministro, o deslocamento de tropas já estava previsto em razão da Operação Atlas, planejada em 2024 para dar suporte a áreas mais inóspitas da fronteira e reforçar a segurança em meio à preparação para a COP30, que será realizada no Pará em 2025.
Histórico recente
Em dezembro de 2023, o Brasil já havia mobilizado militares para a região, em meio às tensões entre a Venezuela e a Guiana pelo controle do território de Essequibo. Agora, a preocupação se volta para o agravamento da disputa entre Caracas e Washington.
“De repente, estourou esse problema. A pessoa [diz] ‘foi lá para ajudar a Venezuela’. [Não] foi lá para não ajudar ninguém”, afirmou Múcio, reforçando que a ação é voltada à defesa da soberania brasileira.
“Briga de vizinho”
Ao comentar a crise, Múcio comparou a situação a uma disputa doméstica:
“Isso é como briga de vizinho. Eu não quero que eles mexam no meu muro. Eu não quero que eles tirem a fiação que acende a frente da minha casa, que não mexam na minha casa. Torcemos para que passe. Evidentemente, eles devem ter os seus motivos”.
Nesta semana, o Brasil assinou, junto a outros países da América Latina e Caribe, um documento manifestando preocupação com a presença militar dos EUA na costa venezuelana.
Escalada militar
O governo Donald Trump tem enviado navios e submarinos à região sob o argumento de combate ao narcotráfico, acusando o presidente Nicolás Maduro de chefiar um cartel. Especialistas, no entanto, rejeitam classificar a Venezuela como “narcoestado”, como a Casa Branca sustenta.
No sábado (06), Maduro pediu publicamente que os EUA reduzam as tensões:
“O governo dos Estados Unidos deve abandonar seu plano de mudança violenta de regime na Venezuela e em toda a América Latina e o Caribe e respeitar a soberania, o direito à paz, à independência”.
Na quinta-feira (04), o Pentágono acusou a Venezuela de sobrevoar, com aeronaves militares, um navio norte-americano em águas internacionais — episódio classificado como “altamente provocador”. Caracas não se manifestou.
Na sequência, a imprensa internacional noticiou que os EUA deslocaram dez caças F-35 para Porto Rico, reforçando sua presença militar no Caribe. Segundo a agência Reuters, a medida estaria vinculada a operações contra cartéis de drogas.
Na terça-feira (02), Trump divulgou um vídeo de um ataque a um barco supostamente carregando drogas próximo à Venezuela, que teria resultado na morte de 11 pessoas. O governo Maduro reagiu afirmando que as imagens foram geradas por inteligência artificial.
Fonte: Agência Brasil
Foto: R7