A chamada reciclagem bioenergética atingiu 11,7% do total de resíduos gerados
O Brasil gerou 81,6 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU) em 2024, um aumento de 0,75% em relação ao ano anterior, segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2025, divulgado pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema) nesta segunda-feira (8). Do total gerado, 76,4 milhões de toneladas (93,7%) foram coletadas, e 41,4 milhões (59,7%) tiveram destinação ambientalmente adequada em aterros sanitários.
A média nacional de geração de resíduos equivale a 384 kg por habitante ao ano, ou 1,241 kg por dia. Embora o país ainda enfrente desafios, houve melhora na destinação final: a disposição inadequada — como lixões ou enterros irregulares — caiu de 41,5% para 40,3% do total gerado.
Mesmo com avanços, o cenário ainda preocupa. “Estimamos a existência de quase 3 mil lixões que continuam recebendo passivos ambientais que colocam a saúde pública em risco, mas que poderiam se transformar em ativos econômicos”, alerta Pedro Maranhão, presidente da Abrema.
Reciclagem cresce, mas ainda é limitada
Em 2024, o país enviou 7,1 milhões de toneladas de resíduos secos para reciclagem, o equivalente a 8,7% do RSU gerado. Desses, 2,5 milhões de toneladas partiram da coleta pública e 4,6 milhões vieram do trabalho informal. Apenas 52% desse material foi de fato recuperado; o restante virou rejeito e teve destinação final adequada.
Energia a partir de resíduos entra no radar
Pela primeira vez, o estudo analisou o aproveitamento de resíduos orgânicos e materiais não recicláveis para geração de energia, incluindo produção de biogás, biometano, compostagem e combustível derivado de resíduo (CDR). A chamada reciclagem bioenergética atingiu 11,7% do total de resíduos gerados — um desempenho superior ao da reciclagem mecânica de secos (8,7%).
Segundo Antônio Januzzi, diretor técnico da Abrema, a metodologia permite valorizar o reaproveitamento dos resíduos orgânicos: “A própria Política Nacional de Resíduos estabelece que a geração de outros elementos a partir de resíduos também pode ser considerada reciclagem.”
Logística reversa avança no país
O relatório também avaliou os 13 sistemas de logística reversa atualmente em funcionamento, que incluem pneus, eletrônicos, pilhas, lâmpadas, latas de alumínio, entre outros. O setor apresentou evolução positiva e reforça a construção de um modelo de economia cíclica no Brasil.
A publicação do Decreto 12.688/2025, conhecido como Decreto do Plástico, ampliará de 13 para 14 os materiais abrangidos pela logística reversa. Para Januzzi, a medida deve impulsionar ainda mais a gestão sustentável de resíduos no país.
Apesar dos avanços, o estudo reforça que o Brasil ainda precisa enfrentar desafios significativos, especialmente relacionados à eliminação dos lixões e ao aumento da reciclagem. (Renan Isaltino)
Fonte: Agência Brasil
Foto: R7











