Peça leva ao cenário internacional uma representação da memória paulista e coloca Campinas no mapa das artes mundiais ao integrar mostra promovida no museu mais famoso de Paris
O cenário cultural de Campinas acaba de conquistar um espaço histórico em uma das instituições mais prestigiadas da arte mundial. A artista plástica Silvia Helena Zavaglia Pereira Coelho, moradora de Campinas e referência das artes no interior do Estado de São Paulo, terá obra exibida no Museu do Louvre, em Paris.
A peça escolhida para compor a exposição é “Grande Sobrado – Fazenda Santa Maria do Monjolinho” (óleo sobre tela, 78,5 x 58,5 cm, 1988). A obra retrata um dos mais notáveis exemplares arquitetônicos do ciclo do café no interior paulista: o palacete construído em São Carlos para receber o Imperador D. Pedro II no auge da riqueza cafeeira.
Mais do que uma representação fiel, Silvia Coelho transforma o sobrado em símbolo. Ao reinterpretar o patrimônio – hoje tombado pelo CONDEPHAAT – ela confere nova vida ao espaço, transformando-o em um registro de memória coletiva, que evoca tanto a grandiosidade dos barões do café quanto as histórias de imigrantes e escravizados que também ali viveram.
Importância histórica do quadro
A Fazenda Santa Maria do Monjolinho, fundada em 1850 pela família do Major José Inácio de Camargo, é uma das mais antigas fazendas de café do Estado de São Paulo. Entre 1887 e 1889, o “Grande Sobrado” foi erguido com materiais importados, vitrais, afrescos e detalhes arquitetônicos sofisticados, projetado pelo engenheiro italiano David Casinelli. O resultado é uma joia arquitetônica que uniu o requinte europeu ao cenário rural brasileiro – hoje preservada como patrimônio histórico, cultural e educacional.
Ao expor essa obra no Louvre, Silvia conecta o passado do Brasil cafeeiro ao presente, reafirmando a força de nossa memória cultural.
De Campinas ao Louvre
A conquista é resultado de um convite oficial assinado por Fabiano Rizzone, Diretor do Museu Municipal de Amparo e membro brasileiro da influente Divine Académie du Louvre – instituição cultural fundada em Paris.
“Essa conquista não é só um marco na minha carreira, mas também um reconhecimento importante para Campinas, que agora estará representada nesse cenário internacional tão prestigiado das artes e da cultura, no Museu do Louvre, o mais importante do mundo”, destaca Silvia Coelho.
Dinâmica até a exposição
As comemorações que antecedem a exposição começam já no próximo dia 16 de outubro, com um jantar de gala em um palácio parisiense, onde a artista de Campinas será homenageada pela Divine Académie de Arte e Cultura Francesa.
A abertura oficial da mostra ocorrerá em 17 de outubro, às 20h, seguida de visitação nos dias 18 e 19 de outubro de. Esses serão os momentos em que a obra será apresentada ao público e à crítica internacional, reunindo representantes das artes, da diplomacia e da cultura.
História da artista moradora de Campinas
Embora nascida em São Carlos, foi em Campinas, cidade que a acolheu ainda jovem e que lhe concedeu o título de cidadã, que Silvia Coelho desenvolveu sua sensibilidade estética e consolidou seu forte engajamento cultural. Ao longo de sua carreira, destacou-se como Presidente da Associação de Apoio à Orquestra Sinfônica de Campinas (ASSINFOCAMP) e como fundadora das Faculdades METROCAMP, sempre associando sua vida artística a um compromisso comunitário.
Formada em Engenharia Civil, com especialização em Ciências da Informação e mestrado em Multimeios e Educação pela Universidade Estadual de Campinas, Silvia sempre conciliou a formação acadêmica com sua paixão pelas artes visuais. Desde os anos 1970, participou de exposições coletivas e individuais no Brasil e no exterior, conquistando prêmios e homenagens, entre elas a Comenda de Pintora Ítalo-Brasileira São-Carlense (2007)
Inspiração
Sua produção transita entre diferentes linguagens, como óleo sobre tela, aquarela e tapeçaria, sempre mantendo como marca a valorização da memória, da história e da identidade brasileira.
Com mais de cinco décadas de trajetória, Silvia Coelho construiu em Campinas não apenas uma carreira artística, mas também um compromisso duradouro com a vida cultural e social da cidade. Essa ligação profunda faz de sua conquista um motivo de orgulho coletivo: ao representar o Brasil no Louvre, Silvia também leva consigo a identidade da cidade que a acolheu e se tornou palco de sua consolidação artística.
Fotos: Prefeitura de Campinas