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Adolescente morre em Brasília por complicações causadas por cigarro eletrônico: uso entre jovens preocupa especialistas

Os danos foram causados pela substância inalada através do dispositivo chamado “vape”

 Uma adolescente de 15 anos morreu nesta quarta-feira (28), em Brasília, após sofrer complicações pulmonares graves relacionadas ao uso de cigarro eletrônico. A jovem estava internada no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) e não resistiu aos danos causados pela substância inalada através do dispositivo, popularmente conhecido como vape.

 O caso reacende o alerta sobre os riscos à saúde causados pelos cigarros eletrônicos, especialmente entre o público jovem, onde o uso tem se tornado cada vez mais comum. Embora comercializados como uma alternativa “menos prejudicial” ao cigarro tradicional, os vapes também contêm substâncias tóxicas que podem provocar doenças pulmonares e cardiovasculares severas.

Perigo disfarçado

A aparência moderna e o marketing atrativo dos cigarros eletrônicos mascaram os perigos reais desses produtos. Segundo especialistas, a concentração de nicotina nos vapes pode ser significativamente maior do que nos cigarros convencionais, potencializando o risco de dependência – especialmente entre os mais jovens.

 Os dispositivos funcionam por meio da vaporização de um líquido aromatizado. Durante o aquecimento, substâncias perigosas como formaldeído, acroleína, hidrocarbonetos aromáticos e benzaldeído são geradas e inaladas. Além disso, metais pesados como chumbo e níquel podem estar presentes nas misturas.

 Entre os riscos mais graves, está a EVALI (lesão pulmonar associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico), condição que pode surgir de forma súbita e deixar sequelas permanentes. Casos envolvendo substâncias como o THC (tetrahidrocanabinol) têm se mostrado ainda mais perigosos.

Principais riscos à saúde associados ao uso prolongado de vapes: 

Doenças pulmonares crônicas: bronquite crônica, enfisema, DPOC e fibrose pulmonar.

Problemas cardiovasculares: aumento da pressão arterial, risco de infarto e AVC, danos vasculares.

Efeitos neurológicos: dependência, alterações no cérebro em desenvolvimento, ansiedade e irritabilidade.

Risco de câncer: substâncias tóxicas presentes nos líquidos podem estar associadas ao desenvolvimento de tumores.

EVALI: lesão pulmonar aguda relacionada diretamente ao uso de cigarros eletrônicos.

Uso crescente entre jovens brasileiros

 Segundo dados do IBGE, por meio da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, cerca de 16% dos jovens entre 13 e 17 anos e 21,4% dos jovens entre 18 e 24 anos já experimentaram cigarros eletrônicos no Brasil. O Portal Veloz mostrou uma matéria recentemente sobre o uso do cigarro eletrônico. O uso entre estudantes do 9º ano do ensino fundamental tem crescido de maneira alarmante.

 Atualmente, estima-se que 2,9 milhões de brasileiros utilizem esses dispositivos, enquanto mais de 6 milhões já os experimentaram. A falta de regulamentação efetiva tem exposto os consumidores a produtos de origem desconhecida e sem controle de qualidade, elevando ainda mais os riscos à saúde.

 Diante do aumento no número de casos e da tragédia envolvendo a adolescente em Brasília, especialistas pedem urgência na regulação, fiscalização e educação sobre os perigos do cigarro eletrônico. (Renan Isaltino)

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