Estatal capta R$ 12 bilhões em plano, prevê demissões, fechamento de unidades, além da alienação de imóveis
O presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, apresentou nessa segunda-feira (29) um plano de reestruturação para a estatal deficitária, incluindo a captação de R$ 12 bilhões, além de demissões, fechamento de unidades de atendimento e venda de imóveis, entre outras medidas.
De acordo com a estatal, um diagnóstico identificou déficit estrutural superior a R$ 4 bilhões anuais, patrimônio líquido negativo de R$ 10,4 bilhões e prejuízo acumulado de R$ 6,057 bilhões até setembro de 2025, além da queda acentuada nos indicadores de qualidade e liquidez.
“A correção de rota precisa ser feita de forma rápida”, afirmou Rondon, que assumiu o cargo em setembro deste ano prometendo “restaurar o orgulho e a eficiência dos Correios” e sob a expectativa também de modernizar a entidade.
Ele explicou que a primeira fase no plano é a recuperação do caixa da companhia, e, nesse sentido, afirmou que na última sexta-feira (26) foi fechada uma captação de R$ 12 bilhões com pool de bancos para o capital de giro, considerada decisiva para melhorar a liquidez e viabilizar ações estruturantes do planejamento.
De acordo com Rondon, desse total, R$ 10 bilhões serão desembolsados ainda em 2025 e R$ 2 bilhões estão previstos para janeiro 2026. Ele citou que Banco do Brasil, Caixa e Bradesco entraram com R$ 3 bilhões cada, e Santander e Itaú, com R$ 1,5 bilhão cada.
“Isso vai permitir a adimplência nos contratos com fornecedores, benefícios de empregados e tributos, recuperar a qualidade da operação, que tem potencial de fazer a receita voltar a crescer, e, finalmente, a confiança de clientes e fornecedores”, declarou o presidente dos Correios.
Ele afirmou que permanece a necessidade de captação de R$ 8 bilhões, dado que o plano de reestruturação foi concebido com uma necessidade declarada de captação de recursos da ordem de R$ 20 bilhões, mas que as rodadas com bancos envolvendo esse montante tinham taxas que a empresa considerou elevadas.
Questionado sobre um eventual aporte de recursos públicos via Tesouro Nacional nos Correios no próximo ano, ele afirmou que ainda não há definição.
Demissões voluntárias e venda de ativos
Uma segunda fase no plano de reorganização da entidade, prevista para começar em março, trata da otimização do quadro de pessoal e gestão de benefícios e contempla um programa de demissão voluntária (PDV) de 10 mil funcionários em 2026 e 5.000 funcionários em 2027. A economia anual estimada para essa fase do programa soma R$ 2,1 bilhões, com impacto pleno em 2028.
Também estão previstas revisões de cargos de média e alta remuneração e nos planos de saúde e de previdência.
De acordo com Rondon, gastos com pessoal representam cerca de 62% das despesas totais. E, se considerar precatórios trabalhistas, esse percentual sobe a 70%/72%.
Parcerias
Outra frente que será abordada, segundo o executivo, são parcerias com o mercado. “A expectativa é implementar essas parcerias, as mais relevantes, em 2026 para gerar impacto de R$ 1,7 bilhão em receita em 2027.”
A gestão de ativos, incluindo alienação de imóveis, é outro caminho a ser seguido pela estatal.
Rondon afirmou que, em uma expectativa conservadora, uma geração de receita da ordem de R$ 1,5 bilhão pode vir em 2026 da venda de imóveis ociosos e operações de “sale and leaseback”, quando se vende o imóvel, mas a empresa permanece no mesmo com acordo de aluguel feito na hora da venda.
O plano também prevê o redesenho da rede de operações, com otimização da malha logística e fechamento de unidades dos Correios que são deficitárias ou que têm sombreamento do ponto de atendimento, sombreamento em uma distância curta. O impacto esperado é de R$ 2,1 bilhões.
“Mas sempre sem afetar o cumprimento das regras da universalização que temos de cumprir como empresa”, salientou.
Médio e longo prazos
O presidente dos Correios também citou uma terceira fase no plano de reestruturação, olhando para o crescimento da companhia para um futuro mais de médio e longo prazos.
Ele afirmou que está em contratação uma consultoria externa para avaliar sob que arranjos consegue trabalhar, incluindo o arranjo societário. A ideia, acrescentou, é que a consultoria entregue um diagnóstico e um arranjo no qual a companhia possa fazer parcerias mais abrangentes envolvendo tanto as unidades de execução como as de negócio de ciclos.
Dentro das unidades de execução, estão as comerciais e operacionais — centros de tratamento logísticos e as agências dos correios.
“É uma visão de médio e longo prazo que demora um pouco para ser criada de uma forma responsável e também com tecnicidade para que se possa dar um novo passo para a companhia”, explicou Rondon.
“A exemplo também do que outras companhias no mundo fizeram, tem empresas de economia mista, tem vários tipos de arranjos com setor financeiro, de seguridade, e é algo que pretendemos fazer aqui também.”
Na frente de crescimento, os Correios também prevêem investimentos de R$ 4,4 bilhões entre 2027 e 2030, com financiamento do NDB (Novo Banco de Desenvolvimento), o banco dos Brics, destinados à automação de centros de tratamento, renovação e descarbonização da frota, modernização da infraestrutura de TI e redesenho da malha logística.
A expectativa é gerar mais de R$ 8 bilhões em receitas adicionais até 2029 e retomar resultados positivos de forma sustentável a partir de 2027.
Fonte: R7
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil









