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Megaoperação no Rio de Janeiro deixa 64 mortos e se torna a mais letal da história do estado

O confronto começou ainda na madrugada e se estendeu por todo o dia, envolvendo 2.500 agentes das polícias Civil e Militar

 Uma megaoperação das forças de segurança do Rio de Janeiro, realizada nesta terça-feira (28), nos Complexos do Alemão e da Penha, na zona norte da capital fluminense, deixou 64 mortos, entre eles quatro policiais — dois civis e dois integrantes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). A ação, batizada de Operação Contenção, também resultou na prisão de 81 suspeitos e na apreensão de 75 fuzis e 9 motocicletas.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, esta é a operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro. O confronto começou ainda na madrugada e se estendeu por todo o dia, envolvendo 2.500 agentes das polícias Civil e Militar. O objetivo é capturar lideranças de facções criminosas e impedir a expansão territorial do tráfico de drogas em comunidades da capital e de outros estados.

Entre os mortos estão os agentes Marcos Vinícius, conhecido como Máskara, da 53ª Delegacia de Polícia (Mesquita), e Rodrigo, da 39ª DP (Pavuna). Ambos foram atingidos por disparos de arma de fogo durante os confrontos. Outros nove agentes de segurança ficaram feridos, além de três civis baleados durante os tiroteios.

Os Complexos do Alemão e da Penha abrigam 26 comunidades. A operação foi planejada ao longo de mais de um ano de investigações conduzidas pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), com apoio do Ministério Público Estadual. Mandados de prisão e de busca e apreensão foram expedidos para integrantes de facções que comandavam o tráfico de dentro e fora do estado.

Participam da ação unidades especializadas como o Comando de Operações Especiais (COE), o Departamento de Combate à Lavagem de Dinheiro, a Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) e o Grupamento de Recapturas da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), que atua na identificação de foragidos beneficiados por saídas temporárias que não retornaram ao sistema prisional.

A operação mobiliza ainda um grande aparato tecnológico, incluindo drones, dois helicópteros, 32 blindados terrestres e 12 veículos de demolição do Núcleo de Apoio às Operações Especiais da PM. Ambulâncias do Grupamento de Salvamento e Resgate permanecem nas áreas de conflito para atender vítimas e socorrer agentes feridos.

Os reflexos da operação foram sentidos em diversos setores da cidade. Por questões de segurança, três unidades de saúde suspenderam totalmente o atendimento e outras quatro interromperam parcialmente as atividades. Na área da educação, a Secretaria Municipal de Educação informou que 29 escolas no Complexo do Alemão e 17 na Penha foram impactadas. A Secretaria Estadual de Educação confirmou o fechamento de uma unidade na região.

O transporte público também foi afetado. O sindicato Rio Ônibus informou que 20 linhas sofreram alterações de itinerário nas regiões do Complexo do Alemão, Penha e Engenho da Rainha. Segundo a Semove, motoristas de um coletivo da linha 492L (Caxias x Inhaúma) e outros três da linha 485 (Caxias x Pilares) foram obrigados por criminosos a atravessar os veículos na pista e entregar as chaves, na Estrada Adhemar Bebiano, em Inhaúma.

O governo do estado classificou a operação como “essencial para conter o avanço do crime organizado” e afirmou que as ações devem continuar nos próximos dias. O clima nas comunidades, porém, segue de tensão e medo, com moradores relatando intensos tiroteios e dificuldade de deslocamento.

A Polícia Civil e a Polícia Militar continuam com equipes em campo. O caso será acompanhado também pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, que deve analisar as circunstâncias da operação e os desdobramentos das mortes registradas. (Renan Isaltino)

Foto: R7

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