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Diplomacia corporativa surge como alternativa para setores afetados por tarifas de Trump

A diplomacia corporativa, conceito ainda recente, pode representar uma virada nas negociações relacionadas às tarifas impostas a setores que ficaram fora da lista de isenção anunciada nesta quarta-feira (30) pelos Estados Unidos.

Segundo Roberto Uebel, professor do curso de Relações Internacionais da ESPM, entidades representativas do setor produtivo podem complementar a atuação do Ministério das Relações Exteriores e de outras áreas do governo federal.

“Profissionalizada no Brasil, a diplomacia corporativa poderá representar um ponto de inflexão nesta conjuntura, até então marcada por um cenário pessimista, com potencial para comprometer ainda mais as exportações brasileiras e causar impactos diretos sobre emprego e renda”, afirma.

Com a exclusão de quase 700 produtos da nova taxação, Uebel acredita que há espaço para incluir outros itens na lista de isenções ou ao menos negociar reduções tarifárias.

“Esse é o modus operandi da política tarifária do governo Trump. O mesmo ocorreu nas relações com China, Canadá, União Europeia — praticamente o mundo todo. Se analisarmos os dez principais produtos exportados pelo Brasil aos Estados Unidos, café e proteína animal foram justamente os únicos que ficaram de fora das exclusões”, observa.

O professor também lembra de outras disputas comerciais envolvendo empresas brasileiras na Organização Mundial do Comércio (OMC), como nos casos do algodão, da Embraer e do suco de laranja. Nessas ocasiões, o setor privado teve participação ativa nas tratativas.

“Essas ações nem sempre têm influência direta sobre o governo Trump, mas podem surtir efeito junto a congressistas, empresas americanas — que são compradoras dos nossos produtos — e até mesmo na opinião pública dos Estados Unidos”, destaca.

Participação ativa do setor privado

Na avaliação de Uebel, os canais mais eficazes para essas negociações são os fóruns empresariais e as câmaras de comércio, que exercem papel relevante nesse tipo de articulação.

O contato direto entre empresas brasileiras, por meio de seus representantes, e os parceiros norte-americanos também se mostra essencial.

“O setor privado tem uma função indispensável. Sobretudo porque a diplomacia pública, conduzida pelo Itamaraty, tem enfrentado dificuldades relevantes, inclusive para estabelecer diálogo com os Estados Unidos. O acesso ao governo americano, aos departamentos de Comércio e de Estado, está extremamente restrito”, pontua.

Outro aspecto relevante, segundo ele, diz respeito ao impacto que as novas tarifas podem ter sobre o consumidor norte-americano.

“Se estamos diante de um tarifaço, capaz de encarecer os produtos brasileiros nos Estados Unidos, esse argumento pode ser usado como ferramenta de barganha: com o aumento das taxas, os preços sobem, e os americanos vão pagar mais no supermercado — o que pode gerar inflação”, conclui.

 

Fonte: R7

Foto: Divulgação/The White House

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