Os dados são da Coordenadoria de Informação da Rede Mário Gatti
Você sabia que o frio desencadeia o aumento dos casos de doenças cardiovasculares, como Infartos Agudos do Miocárdio (IAMs) e os Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs)? Na Rede Mário Gatti de Urgência, Emergência e Hospitalar, somente no primeiro semestre de 2025, foram atendidos 2.067 casos de IAMs e AVCs. Os dados são da Coordenadoria de Informação da Rede Mário Gatti e englobam o número de casos do hospital Mário Gatti, Complexo Hospitalar Prefeito Edivaldo Orsi (Ouro Verde), Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) Carlos Lourenço, São José, Campo Grande e Anchieta, além do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Se compararmos os dados dos últimos três meses, quando as temperaturas começaram a ficar mais baixas, o número de casos passou de 352 em abril para 454 em junho, um aumento de 28,98%.
Principais causas
Segundo Fábio Giovanetti Morano, médico clínico, cardiologista, emergencista e ecocardiologista da Rede Mário Gatti de Urgência, Emergência e Hospitalar, isso acontece porque na época em que há a diminuição da temperatura ocasionada pelas ondas de frio, típicas do inverno, o corpo precisa utilizar alguns mecanismos para manter o equilíbrio da temperatura corporal. Um desses mecanismos é a vasoconstrição arterial, ou seja, há um fechamento das artérias que faz com que o organismo consiga manter o calor no corpo.
Essa vasoconstrição arterial pode ocasionar um aumento da pressão arterial, que tem potencial para sobrecarregar o sistema circulatório e causar um déficit na circulação, tanto para o coração quanto para o cérebro, desencadeando um infarto ou um AVC.
Além disso, é possível que a exposição ao frio gere um estado de hipercoagulabilidade sanguínea, também conhecida como trombofilia, uma condição em que o sangue tem uma tendência maior a formar coágulos. O aumento da coagulabilidade sanguínea pode colaborar com a formação de trombos e a obstrução dos vasos sanguíneos, que somada à hipertensão arterial – que diminui o aporte de sangue tanto para o coração quanto para o cérebro- pode ocasionar infartos e derrames.
Outro fator que está correlacionado com o inverno e as baixas temperaturas é a maior exposição e ocorrência das infecções respiratórias. “ Elas determinam um quadro inflamatório infeccioso no organismo que pode ser um dos gatilhos para uma lesão e ruptura de placa de aterosclerotica prévia nas artérias coronárias ou nas carótidas (acúmulo de substâncias nas paredes das artérias, que reduz o fluxo sanguíneo), que também podem desencadear uma trombose e um quadro de infarto ou derrame”, explicou o especialista. O inverno também é propício para mudanças nos hábitos alimentares, levando as pessoas a comerem mais e beberem menos líquido, além de impactar na redução da atividade física, o que pode agravar os fatores de risco para doenças cardiovasculares.
Prevenir é preciso
As pessoas com fatores de risco são as mais afetadas por esses quadros. São idosos, hipertensos, diabéticos, coronariopatas, tabagistas, obesos, pacientes com antecedentes familiares e pessoais para doenças coronárias.
Orientações simples podem evitar complicações nos casos das doenças cardiovasculares nos dias mais frios. A primeira delas é manter-se bem aquecido, com uso de agasalho, gorro, cachecol e meias, por exemplo. Evitar exposição ao frio extremo e manter a hidratação adequada nesse período é essencial – apesar de as pessoas sentirem menos sede, não significa que deve-se beber menos água. Manter uma alimentação saudável e equilibrada é outro ponto importante: evitar alimentos ricos em gorduras saturadas e trans, sal, açúcar e alimentos processados. Por outro lado, investir em frutas, legumes, verduras, grãos integrais e peixes ricos em ômega-3, entre outros alimentos do bem. Noite bem dormidas também são indispensáveis.
A prática regular de exercícios físicos é outra prevenção fundamental, de preferência, em um ambiente não exposto ao frio. Para quem segue tratamentos, é essencial manter o controle dos fatores de risco com a continuidade das medicações para a pressão arterial, colesterol, diabetes, entre outros.
“Além de tudo isso, é preciso ficar atento aos sinais e sintomas das doenças cardiovasculares. No caso do infarto é ter atenção a dores súbitas no peito, uma falta de ar, um suor inexplicável. Tudo isso pode ser sinal de um quadro de infarto agudo do miocárdio. No caso do acidente vascular cerebral, o sintoma pode ser alguma alteração na fala, na compreensão ou motora, além de um desvio na rima da boca. Nesses casos, a orientação é procurar rapidamente um pronto atendimento médico para ter o diagnóstico correto e o tratamento o mais rápido possível”, orientou o cardiologista.
Foto: divulgação