A fila de espera por aposentadoria, pensão e auxílios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) disparou no primeiro semestre deste ano e encerrou o mês de junho em 2,44 milhões de requerimentos. Desse total, 1,17 milhão é de benefícios por incapacidade.
Os dados foram divulgados na última semana, em reunião do Conselho Nacional de Previdência Social.
Os seis primeiros meses deste ano registraram alta em relação ao mesmo período do ano anterior.
A escalada da fila por benefícios começou em dezembro, quando o número ultrapassou 2 milhões, e atingiu o auge em março, com 2,7 milhões de requerimentos. É o maior nível desde 2019.
Em junho, o aumento foi de 81% em relação ao mesmo período de 2024, quando havia 1,35 milhão de requerimentos. Em relação ao mês de maio, que registrou 2,56 milhões de requerimentos, houve queda de 4,6%.

O tempo médio de conclusão dos pedidos também voltou a subir. Foram os seguintes:
- 68 dias – para aposentadoria por tempo de contribuição
- 57 dias – para aposentaria por idade
- 60 dias – para pensão por morte
- 37 dias – para salário-maternidade
- 36 dias – para benefício assistencial ao idoso
- 110 dias – para benefício assistencial à pessoa com deficiência
Para o advogado João Badari, especialista em direito previdenciário, o crescimento da fila de espera para análise de benefícios do INSS reflete um problema estrutural que afeta milhões de brasileiros, sobretudo os mais vulneráveis.
“Estamos falando de pessoas que aguardam benefícios como aposentadorias, auxílios por incapacidade e o BPC – muitos em situação de fragilidade social e de saúde”, afirma Badari.
Segundo ele, o aumento pode ter relação com a redução do número de servidores, o volume elevado de pedidos e a falta de investimentos em estrutura e tecnologia.
“Além disso, medidas recentes de revisão e pente-fino, sem o devido reforço na capacidade de análise, também contribuem para esse represamento”, acrescenta o advogado.
“Na prática, esse atraso compromete o sustento de famílias inteiras e afeta diretamente a economia local, principalmente em cidades menores onde os benefícios previdenciários representam uma importante fonte de renda.”
(João Badari)
Histórico
Ao longo de 2024, houve uma diminuição da fila de concessão entre janeiro e junho, antes de voltar a crescer e alcançar o maior número do ano em dezembro, com 2.042.016 pessoas.
Já nos primeiros meses de 2025, houve uma escalada, atingindo o recorde em março, de 2,7 milhões.
O INSS e o Ministério da Previdência não responderam sobre o posicionamento atual da fila. Anteriormente, afirmaram que as alterações da lei que passou a exigir biometria para o BPC (Benefício de Prestação Continuada) gerou um represamento, além do aumento de requerimentos.
Em março deste ano, o Ministério da Previdência Social havia anunciado uma ação extraordinária para reduzir a fila e o tempo de espera dos segurados por benefícios assistenciais e previdenciários.
A medida incluía 500 servidores para trabalhar para esta finalidade, com adicional de 30% na meta de produtividade. A seguir, medidas anunciadas anteriormente para conter o problema:
Medidas e ações do INSS para reduzir a espera
- Digitalização dos processos: atestados médicos podem ser enviados online, agilizando a análise.
- Mutirões de atendimento: realização de mutirões para acelerar a análise de pedidos acumulados.
- Contratação de novos servidores: reforço do quadro de pessoal para atender a demanda e realocação de servidores para as áreas mais críticas.
- Simplificação de procedimentos: redução da burocracia e exigência de menos documentos para facilitar a concessão de benefícios.
- Prazos reduzidos: a meta do INSS é analisar pedidos em até 30 dias para casos administrativos e 45 dias para os casos que exigem perícia médica, mas ainda há desafios significativos para atingir esse resultado.
- Inteligência Artificial: foram investidos pela Dataprev US$ 10,5 milhões na aquisição da IA. O nome da diretoria é Dirat (Diretoria de Atendimento)
Fonte: R7
Foto: RENATO S. CERQUEIRA/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO