As gafes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante discursos improvisados e conversas com a imprensa tiveram mais um exemplo nesta quarta-feira (12). Durante evento no Palácio do Planalto, o petista afirmou ter colocado Gleisi Hoffmann na Secretaria de Relações Institucionais por ela ser uma “mulher bonita”.
“Acho muito importante trazer aqui o presidente da Câmara [Hugo Motta (Republicanos-PB)] e do Senado [Davi Alcolumbre (União-AP)], porque uma coisa que eu quero mudar, estabelecer a relação com vocês, por isso eu coloquei essa mulher bonita para ser ministra das Relações Institucionais, é que eu não quero mais ter distância de vocês”, afirmou o chefe do Executivo.
As gafes de Lula são conhecidas, mas quando o assunto diz respeito às mulheres, elas têm chamado mais atenção. Em julho do ano passado, por exemplo, em uma reunião no Planalto, ele fez uma “brincadeira” relacionando a violência contra as mulheres e o time dele, o Corinthians.
“Hoje, eu fiquei sabendo de uma notícia triste, eu fiquei sabendo que tem pesquisa que mostra que depois de jogo de futebol, aumenta a violência contra a mulher. Inacreditável. Se o cara é corintiano, tudo bem. Mas eu não fico nervoso quando perco, eu lamento profundamente. Então, eu queria dar os parabéns às mulheres que estão aqui”, complicou-se.
Mas este ano, Lula também fez uma declaração polêmica. Em janeiro, em evento sobre os dois anos do 8 de Janeiro, Lula afirmou ser “amante da democracia”, e não marido.
“É por isso que eu sou um amante da democracia. Eu não sou marido, eu sou amante da democracia. Porque, a maioria das vezes, os amantes [maridos] são mais apaixonados pelas amantes do que pelas mulheres. E eu sou amante da democracia porque conheço o valor dela”, disse Lula.
No ano passado, ao falar sobre a cobrança de imposto de importação sobre compras de até US$ 50, Lula chamou os produtos de “bugigangas”. E insinuou que as consumidoras eram responsáveis pelas compras.
“E como você vai proibir meninas e moças que querem comprar uma bugiganga, um negócio de cabelo [do exterior]? Eu até falei para o Alckmin: ‘Tua mulher compra, minha mulher compra, tua filha compra, todo mundo compra, a filha do Lira compra’”, elencou.
E em outra relação entre consumismo e mulheres, ele tentou defender que elas tivessem mais independência. “Quando a mulher tem uma profissão, ela tem um salário, pode custear a vida dela. Ela não vai viver, comer, com um homem que não goste dela. Não vai viver por necessidade, por dependência, vai viver a vida dela e vai morar com alguém se ela gostar de alguém. Vai ter a opção dela, ela vai escolher. Ela não vai ficar dependente. Não vai ficar dizendo: ‘Eu preciso do meu pai para me dar R$ 5 para comprar um batom. Eu preciso do meu pai para me dar R$ 10 para comprar uma calcinha’“.
Outros alvos
Porém, não foram só as mulheres que se tornaram vítimas das gafes do petista. Ainda em 2023, Lula deu uma entrevista a jornalistas em Cabo Verde. E se enrolou ao agradecer à África tudo o que foi produzido durante a escravidão no Brasil.
Pouco depois, em março, Lula repetiu o erro. Na 52ª Assembleia Geral dos Povos Indígenas, Lula chamou de “desgraça” a escravidão. Mas que a presença dos africanos no Brasil teve “uma coisa boa: que foi a mistura, a miscigenação”.
No ano seguinte, mais uma frase infeliz. Durante um evento em São Bernardo do Campo (SP), ele afirmou que os afrodescendentes gostavam de um “batuque”.
“Essa menina bonita que está aqui. […] Eu falei: ‘Ela é cantora, vai cantar’. Aí perguntei: ‘Não, não vai ter música’. Então, ela vai batucar alguma coisa. Porque uma afrodescendente assim gosta de um batuque, de um tambor”, deduziu.
Nem os aliados, como bem viu Gleisi Hoffmann, saem ilesos dos comentários de Lula. Em 2023, o ministro do STF Flávio Dino teve que ouvir uma crítica à sua forma física.
“A obesidade também é uma doença que precisamos cuidar. Nossa médica, a ministra da Saúde [então Nísia Trindade], sabe perfeitamente bem que a obesidade causa tanto mal quanto a fome. É por isso que o Flávio Dino está andando de bicicleta. Porque ele sabe que o Estado precisa cuidar com muito carinho desse mal”, observou.
Fonte: R7
Foto: Wilton Junior/Estadão Conteúdo