A Ucrânia utilizou pela primeira vez caças Mirage-2000 fornecidos pela França para repelir um ataque aéreo russo em larga escala durante a noite de quinta-feira (6), disseram as autoridades ucranianas nesta sexta (7).
Segundo a Força Aérea da Ucrânia, os jatos supersônicos franceses, ao lado de caças F-16 de fabricação americana, foram mobilizados para interceptar um bombardeio que incluiu 67 mísseis e 194 drones lançados pela Rússia, com foco em infraestruturas energéticas e civis.
O presidente Volodymyr Zelensky disse em uma publicação no X que os caças franceses “interceptaram com sucesso mísseis de cruzeiro russos”. Ao todo, foram abatidos 34 mísseis e 100 drones lançados pela Rússia, de acordo com o jornal Kyiv Independent.
O ataque russo, descrito por Zelensky como “massivo”, ocorreu principalmente contra a rede elétrica da Ucrânia, nas regiões de Odesa, Poltava, Kharkiv e Ternopil. Esta é a 17ª ofensiva contra as instalações da Naftogaz Group, a estatal ucraniana de petróleo e gás.
O ministro da Energia do país, German Galushchenko, acusou Moscou de tentar “deixar os ucranianos sem luz e aquecimento”, uma tática que, segundo autoridades, visa usar o inverno como arma para desgastar a população.
No X, o líder ucraniano disse que o ataque também atingiu edifícios residenciais. “Em Kharkiv, um míssil russo atingiu perto de um prédio de apartamentos. Pessoas ficaram feridas. Elas estão recebendo a assistência necessária”, disse Zelensky.
Apoio da França
Os caças Mirage-2000, variantes modernizadas de um modelo introduzido nos anos 1970 pela Dassault Aviation, chegaram à Ucrânia no início de fevereiro. O ministro da Defesa francês, Sébastien Lecornu, havia anunciado na quinta-feira que a primeira remessa dos jatos prometidos por Paris já estava em operação.

Um relatório do parlamento francês indica que seis das 26 aeronaves do modelo pertencentes à França foram transferidas à Ucrânia, segundo a agência de notícias AFP. A entrega faz parte de um pacote de ajuda militar anunciado pelo presidente da França, Emmanuel Macron, em junho de 2024, que inclui também o treinamento de pilotos ucranianos.
Zelensky pede trégua
Diante da escalada, Zelensky voltou a cobrar uma trégua aérea e marítima como passo inicial para a paz. “Silêncio nos céus — uma proibição do uso de mísseis, drones de longo alcance e bombas. E silêncio no mar — uma garantia real de navegação normal”, escreveu no X.
Na publicação, o presidente também anunciou negociações na Arábia Saudita na próxima semana com os Estados Unidos para discutir o fim do conflito. “A Ucrânia luta pela paz desde o primeiro segundo desta guerra. A tarefa é forçar a Rússia a parar”, disse.
O porta-voz da Força Aérea ucraniana, Yuriy Ihnat, classificou o bombardeio como o primeiro ataque combinado massivo desde a suspensão da ajuda militar americana, que pressiona Kiev a negociar com Moscou sob o governo de Donald Trump.
A Rússia, por sua vez, afirmou que o ataque foi de “alta precisão” e direcionado a instalações ligadas à indústria de defesa ucraniana, alegando que todos os objetivos foram cumpridos.
Fonte: R7
Foto: Reprodução/X/@ZelenskyyUa