Levantamento do IBGE revela que, entre jovens de 16 e 17 anos, quase metade trabalha ao menos 25 horas por semana O Brasil registrou 1,65 milhão de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos em situação de trabalho infantil em 2024, segundo dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua divulgados nesta sexta-feira (18) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O número representa um aumento de 34 mil pessoas em relação a 2023, uma alta de 2,1%. Apesar da elevação recente, a série histórica mostra que houve queda de 21,4% entre 2016 e 2024. O percentual de jovens nessa condição chegou a 4,3% em 2024, ligeiramente acima dos 4,2% em 2023, mas ainda abaixo dos 5,2% registrados em 2016, início da pesquisa. Trabalho infantil no Brasil – Luce Costa/Arte R7 Faixa etária mais vulnerável A maior incidência de trabalho infantil está entre os adolescentes de 16 e 17 anos. Nessa faixa, a proporção subiu de 14,7% em 2023 para 15,3% em 2024. Entre eles, quase metade (49,2%) trabalhava pelo menos 25 horas semanais, e 30,3% chegavam a uma jornada de 40 horas ou mais. A pesquisa também aponta impacto direto sobre a educação. Enquanto 97,5% das crianças e adolescentes de 5 a 17 anos frequentavam a escola, o índice cai para 88,8% entre aqueles em situação de trabalho infantil. A diferença é ainda mais acentuada entre jovens de 16 e 17 anos: 90,5% dos adolescentes dessa idade estavam na escola, contra 81,8% dos que trabalhavam. Jornada de trabalho – Luce Costa/Arte R7 Perfil e desigualdades O levantamento mostra que meninos representam dois terços (66%) do total em trabalho infantil, mesma proporção observada entre pretos e pardos, enquanto brancos correspondem a 32,8%. Regionalmente, as maiores altas em relação a 2023 foram observadas no Sul (13,6%) e no Nordeste (7,3%), enquanto o Norte apresentou a redução mais intensa (-12,1%). Na análise da série histórica, o Nordeste foi a região com maior queda acumulada (-27,1%), e o Centro-Oeste foi a única a registrar alta no período (7%). Trabalho infantil (por região) – Luce Costa/Arte R7 Condições de trabalho e informalidade Entre adolescentes de 16 e 17 anos, a proporção de jovens na informalidade caiu para 69,4%, o menor patamar da série. Pela metodologia da Pnad Contínua, todo trabalho informal nessa faixa etária é considerado trabalho infantil, independentemente da ocupação ou da carga horária. A pesquisa também mostra que mais da metade (54,1%) das crianças e adolescentes de 5 a 17 anos realizava afazeres domésticos ou tarefas de cuidado de pessoas em 2024. Piores formas de trabalho infantil O contingente de crianças e adolescentes inseridos em atividades listadas na Lista TIP – que reúne as piores formas de trabalho infantil – chegou a 560 mil em 2024, o menor valor já registrado na série, que apresenta tendência de queda desde 2016. Bolsa Família Outro recorte avaliado foi o impacto do Bolsa Família. Entre os beneficiários do programa, 5,2% dos jovens de 5 a 17 anos estavam em situação de trabalho infantil em 2024, índice acima da média geral (4,3%). Ainda assim, o IBGE destaca que, ao longo da série, houve redução mais acentuada do trabalho infantil entre os que recebiam o benefício. Perguntas e Respostas Qual é o número de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil no Brasil em 2024? Em 2024, o Brasil registrou 1,65 milhão de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos em situação de trabalho infantil, segundo dados do IBGE. Como se compara esse número ao de 2023? Esse número representa um aumento de 34 mil pessoas em relação a 2023, o que equivale a uma alta de 2,1%. Qual é a tendência histórica do trabalho infantil no Brasil entre 2016 e 2024? A série histórica mostra uma queda de 21,4% no trabalho infantil entre 2016 e 2024. Qual é a porcentagem de jovens de 16 e 17 anos que trabalham? Em 2024, a proporção de adolescentes de 16 e 17 anos em situação de trabalho infantil subiu de 14,7% em 2023 para 15,3% em 2024. Quantas horas por semana esses adolescentes costumam trabalhar? Quase metade (49,2%) dos adolescentes de 16 e 17 anos trabalhava pelo menos 25 horas semanais, e 30,3% tinham jornadas de 40 horas ou mais. Qual é o impacto do trabalho infantil na educação dessas crianças e adolescentes? Enquanto 97,5% das crianças e adolescentes de 5 a 17 anos frequentavam a escola, esse índice cai para 88,8% entre aqueles em situação de trabalho infantil. Como está a frequência escolar entre adolescentes de 16 e 17 anos que trabalham? Entre os adolescentes de 16 e 17 anos, 90,5% estavam na escola, em comparação a 81,8% dos que trabalhavam. Qual é a distribuição de gênero entre as crianças e adolescentes em trabalho infantil? Meninos representam dois terços (66%) do total em trabalho infantil, enquanto a proporção entre pretos e pardos é a mesma, e brancos correspondem a 32,8%. Quais regiões do Brasil apresentaram as maiores altas e reduções no trabalho infantil? As maiores altas em relação a 2023 foram observadas no Sul (13,6%) e no Nordeste (7,3%), enquanto o Norte apresentou a maior redução (-12,1%). O Nordeste teve a maior queda acumulada (-27,1%) e o Centro-Oeste foi a única região a registrar alta (7%). Qual é a situação do trabalho informal entre adolescentes de 16 e 17 anos? A proporção de jovens nessa faixa etária na informalidade caiu para 69,4%, o menor patamar da série histórica. Quantas crianças e adolescentes realizam afazeres domésticos ou tarefas de cuidado? Mais da metade (54,1%) das crianças e adolescentes de 5 a 17 anos realizava afazeres domésticos ou tarefas de cuidado de pessoas em 2024. Qual é o número de crianças e adolescentes envolvidos nas piores formas de trabalho infantil? O contingente de crianças e adolescentes inseridos em atividades listadas na Lista TIP chegou a 560 mil em 2024, o menor valor já registrado na série. Qual é a relação entre o Bolsa Família e o trabalho infantil? Entre os beneficiários do Bolsa Família, 5,2%