
Casal é preso ao tentar comprar recém-nascido por R$ 500 em Manacapuru (AM); polícia investiga rede de adoções ilegais
Um homem apontado como intermediário da negociação também foi detido Uma denúncia anônima levou a Polícia Civil do Amazonas a prender, nesta segunda-feira (14), um casal suspeito de tentar comprar um recém-nascido por R$ 500, na maternidade pública de Manacapuru, cidade localizada na região metropolitana de Manaus. Um homem apontado como intermediário da negociação também foi detido. De acordo com a delegada Joyce Coelho, responsável pelo caso, a denúncia chegou à polícia na sexta-feira (11), alertando sobre uma possível transação envolvendo a venda de um bebê ainda internado na unidade hospitalar. A polícia iniciou os trabalhos de investigação com apoio do Conselho Tutelar, que acompanhou as diligências na maternidade. Suposto pai acompanhou o parto Durante as apurações, os policiais identificaram que um dos envolvidos, um homem de 47 anos, José Uberlane Pinheiro de Magalhães, se apresentou na unidade como pai biológico da criança. Ele esteve presente no momento do parto e chegou a receber a Declaração de Nascido Vivo (DNV). No entanto, o plano de registrar o bebê foi interrompido por uma falha no sistema do cartório, o que acabou levantando suspeitas. Ao abordar o casal, os agentes perceberam um comportamento suspeito. Luiz Armando dos Santos, de 40 anos, e Wesley Fabiano Lourenço, de 38, demonstraram nervosismo e, após breve interrogatório, confessaram que haviam transferido o valor de R$ 500 ao intermediário para ter acesso ao bebê. Eles afirmaram que o homem foi o responsável por apresentar a mulher grávida, que teria aceitado entregar o filho em troca do valor. Dívidas motivaram entrega do bebê, diz mãe Segundo a investigação, a mãe da criança — uma mulher de 31 anos — ainda se recuperava do parto no momento da abordagem e não pôde ser ouvida formalmente pela polícia. Contudo, ela já teria informado aos profissionais da unidade que optou por entregar o bebê devido a dificuldades financeiras e a uma dívida que não conseguia pagar. A Polícia Civil também apura a participação de uma mulher de Manacapuru, já conhecida por facilitar adoções irregulares na região. Ela teria atuado nos bastidores do caso e pode ser indiciada por participação em rede de tráfico de pessoas. Casal já era investigado As autoridades levantaram ainda que Luiz e Wesley estavam em Manacapuru desde junho, aguardando o nascimento da criança para levá-la a São Paulo, onde residem. A delegada Joyce Coelho informou que há indícios de que o casal já tenha obtido outra criança de forma irregular anteriormente. Além disso, ambos tiveram um processo de adoção arquivado por falta de documentação legal e por tentativas de burlar os procedimentos exigidos pela Justiça. Crimes e consequências Os três detidos responderão por tráfico de pessoas com a finalidade de adoção ilegal, um crime grave previsto no Código Penal Brasileiro. O caso está sendo encaminhado ao Ministério Público, e os suspeitos seguem à disposição da Justiça. A Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) deve seguir acompanhando o caso e investigar possíveis conexões com outras adoções ilegais na região. O bebê está sob os cuidados do Conselho Tutelar, e o destino da criança será decidido pelo Judiciário. (Renan Isaltino) Foto e Fonte: Polícia Civil do Amazonas