A produção industrial brasileira variou -0,1 em fevereiro na comparação com janeiro, engatando o quinto mês consecutivo sem crescimento. A redução acontece após a estabilização ocorrida em janeiro, quando interrompeu três meses consecutivos de taxas negativas. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal divulgados nesta quarta-feira (2) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No ano, o setor acumula alta de 1,4% e, em 12 meses, de 2,6%. Com esses resultados, a indústria se encontra 1,1% acima do nível pré-pandemia (fevereiro de 2020) e 15,7% aquém do ponto mais alto da série histórica, obtido em maio de 2011. Segundo André Macedo, gerente da pesquisa, o desempenho negativo da indústria em fevereiro reforça o comportamento de menor intensidade da produção industrial nos últimos meses. “Essa perda de dinamismo da indústria tem relação com a redução dos níveis de confiança das famílias e dos empresários, explicada, em grande parte, pelo aperto na política monetária (com o aumento das taxas de juros a partir de setembro de 2024), a depreciação cambial (pressionando os custos de produção) e a alta da inflação (especialmente a de alimentos, o que impacta na renda disponível das famílias)”, explicou. Em fevereiro, duas das quatro grandes categorias econômicas e 14 dos 25 ramos industriais pesquisados tiveram queda na produção. As principais influências negativas vieram de: produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-12,3%) máquinas e equipamentos (-2,7%) produtos de madeira (-8,6%) produtos diversos (-5,9%) veículos automotores, reboques e carrocerias (-0,7%) máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-1,4%) equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-1,5%) móveis (-2,1%). No sentido oposto, entre as 11 atividades que apresentaram alta na produção, indústrias extrativas (2,7%) e produtos alimentícios (1,7%) exerceram os principais impactos em fevereiro de 2025. Também houve avanços expressivos nos ramos de produtos químicos (2,1%), celulose, papel e produtos de papel (1,8%), produtos de borracha e de material plástico (1,2%) e outros equipamentos de transporte (2,2%). Em relação às grandes categorias econômicas, ainda na comparação com janeiro, os setores de bens de consumo duráveis (-3,2%) e bens de consumo semi e não duráveis (-0,8%) apresentaram as taxas negativas mais elevadas. No sentido inverso, os setores de bens de capital (0,8%) e bens intermediários (0,8%) alcançaram resultados positivos no segundo mês do ano. Fevereiro de 2025 x fevereiro de 2024 Na comparação com fevereiro de 2024, a indústria cresceu 1,5%, com resultados positivos em três das quatro grandes categorias econômicas, 15 dos 25 ramos, 50 dos 80 grupos e 55% dos 789 produtos pesquisados. As principais influências positivas vieram de veículos automotores, reboques e carrocerias (13,3%), máquinas e equipamentos (11,9%) e produtos químicos (5%). Os setores de metalurgia (3,7%), produtos têxteis (11,7%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (6,8%), manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (10,2%), produtos de metal (5,1%), produtos de borracha e de material plástico (3,9%), móveis (11,6%), outros equipamentos de transporte (9,4%) e confecção de artigos do vestuário e acessórios (6,2%) também contribuíram positivamente para o resultado. Vale destacar que fevereiro de 2025 teve um dia útil a mais (20) do que igual mês do ano anterior (19). Pelo lado das quedas, coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-4,3%) e indústrias extrativas (-3,2%) exerceram as maiores influências na composição da média da indústria. Os segmentos de bebidas (-6,6%), celulose, papel e produtos de papel (-5,4%) e produtos de madeira (-10,4%) completaram o grupo de atividades com desempenho negativo. Fonte: R7 Foto: Nilton Cardin/Estadão Conteúdo