Propriedades repletas de frutos, plantações, criação de animais e agricultura familiar. Essas são algumas das vocações das áreas rurais de Campinas que hoje correspondem a nove macrorregiões espalhadas pelos territórios da cidade. Cerca de 180 agricultores com registro no CAF (Cadastro de Agricultura Familiar) trabalham de forma total ou parcial na agricultura.
São homens do campo como o agricultor José Xavier Abacherly, de 71 anos. Ao lado dos irmãos e dos três filhos, ele administra o Sítio São José, na região do Fogueteiro, próximo ao aeroporto de Viracopos, em Campinas. Descendentes de suíços, a relação da família com a terra começou com o avô dele. Em mais de sete décadas já cultivaram café, uva, tomate, batata e milho-verde.
Entretanto, em 2004, o produtor conheceu formas de potencializar e desenvolver economicamente o negócio. “Nós recebemos uma capacitação por meio da Prefeitura de Campinas e percebemos que não era mais lucrativo continuar plantando uva, nossa principal cultura na época. Era muito trabalho e pouco retorno por conta das particularidades da fruta,” explica.
Técnicos do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) apresentaram a possibilidade de a propriedade implantar o turismo rural para o desenvolvimento econômico da propriedade e elevação da renda da família. Foi o embrião para o sítio se transformar no que é hoje.
Atualmente eles contam com um orquidário, onde os visitantes podem escolher as flores e plantas que desejam comprar. Podem colher morangos “in natura”, andar a cavalo, visitar a venda com produtos naturais e aproveitar os quitutes do restaurante.
“Hoje 80% do nosso público de visitantes aos finais de semana é daqui de Campinas, mas recebemos gente de cidades como Americana, Piracicaba, Vinhedo e até de São Paulo,” comemora José.
Vocação rural
Atualmente a área rural de Campinas corresponde a 47% do território, incluindo as zonas de expansão urbanas. A divisão contempla nove macrorregiões, são elas:
Barão Geraldo: hortaliças, legumes, frutas (manga e banana), hortifrutigranjeiro
Amarais: hortaliças e cana
Campo Grande: bromélias e orquídeas para exportação
Friburgo e Fogueteiro: frutas, grãos, hortaliças, suínos e gado de corte
Carlos Gomes: psicultura, ranicultura, plantas fitoterápicas, aspargos e turismo rural
Anhumas: oleaginosas, frutas (banana, caqui, manga), hortaliças e orgânicos
Sousas e Joaquim Egídio: gado, café, turismo rural e orgânicos.
Chácaras Aveiros: hortaliças e figo
Pedra Branca, Reforma Agrária e Descampado: goiaba e figo para a exportação, laranja kincan, acerola, uva, figo, banana, etc.
Sistema Agroflorestal
Um dos itens mais presentes na mesa do brasileiro, o café também é cultivado pelos produtores rurais de Campinas. O casal Cid Manicardi e Isa Taube está à frente do sítio agroflorestal Flor da Lua, de 20 mil metros quadrados, que fica na região do Distrito de Sousas e onde estão plantados 7 mil pés de cafés.
A propriedade produz ainda outras frutas utilizadas para consumo da família e para o dia a dia da cafeicultura. É o caso da banana. Hoje as bananeiras tem papel fundamental ao auxiliar na proteção dos pés de café contra os raios solares e na umidificação do solo.
“De acordo com o grão eu consigo manejar a torra para atingir o padrão desejado. Se mais encorpado ou mais suave. Um processo feito manualmente aqui na nossa propriedade,” explica Cid que além de agricultor também é dentista. Em breve ele irá lançar o produto em uma linha com embalagens estilizadas e dividido em cinco tipos.
Para poder regularizar a situação da plantação e ter acesso à informação, ele contou com a assessoria da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Inovação. Agente multiplicador, o agricultor pretende auxiliar no processo de divulgação do que é oferecido aos produtores rurais. “A informação é fundamental para quem está aqui no campo. Ter acesso a ela me ajudou e pode ajudar muitos outros.”
Sistemas agroflorestais (SAFs) são formas de uso e manejo da terra no qual árvores ou arbustos são utilizados em consórcio com culturas agrícolas, forragens ou integração com animais. Nas agroflorestas, a diversidade de árvores, arbustos e culturas agrícolas interagem e se beneficiam mutuamente.
A produção agroflorestal contribui com a promoção da biodiversidade, melhoria da qualidade dos solos, controle de erosão, menor uso da água, redução de praças, doenças e ervas daninhas, dispensando ou reduzindo o uso de agrotóxicos.
Investimentos
Para potencializar o setor rural em Campinas, a prefeitura lançou no mês passado um plano com dez projetos a serem implementados para desenvolver o setor.
1. Projeto de Capacitação de Produtores Rurais;
2. Projeto de Supervisão de Estradas e Caminhos Rurais;
3. Programa de Acessibilidade – Rotas Rurais;
4. Programa de Acesso a Financiamento Rural (Pronaf – Pronamp);
5. Programa de Agricultura Familiar;
6. Impacto Plural;
7. Programa de Incentivo à Tecnologia no Campo;
8. Colaboração Internacional para o agronegócio e para ESG;
9. Projeto de Polo Vitivinícola de Campinas;
10. Implantação (DAT) – Distrito Agro Tecnológico.
“Nós estamos fazendo uma costura entre os produtores, o poder público e os institutos de pesquisa. A prefeitura já conta com diversos programas de fomento rural, mas nós vamos ampliar isso por meio da inserção da tecnologia e da capacitação desses produtores,” explica a secretária municipal de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Inovação, Adriana Flosi.
Festival Campinas Rural
Para oferecer ainda mais destaque aos produtores e a tecnologia do agro em Campinas, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Inovação, promove entre os dias 6 e 8 de maio o 3º Festival Campinas Rural, no Largo do Rosário e no Paço Municipal.
Serão três dias com programação variada incluindo cursos, palestras, shows e, claro, venda de produtos. Nesta edição será lançado o ‘Campinas em Taças e Xícaras’, uma atração que vai reunir produtores de café, gim e cerveja para apresentar seus produtos.
Foto: Prefeitura de Campinas