Os Estados Unidos apresentaram uma proposta de trinta dias de cessar-fogo imediato na guerra entre Ucrânia e Rússia, com possibilidade de prorrogação mediante acordo bilateral. O governo ucraniano aceitou a proposta nesta terça-feira (11) durante uma reunião na Arábia Saudita, enquanto a adesão russa à trégua segue incerta.
Além de termos para pacificar o conflito, o plano também envolve a retomada de cerca de US$ 1 bilhão (aproximadamente R$ 5,8 bilhões) em apoio militar e inteligência por parte de Washington.
O acordo também inclui discussões sobre o desenvolvimento dos recursos minerais da Ucrânia para impulsionar a economia do país e a amortização dos custos da assistência norte-americana.
O acordo proposto requer que ambas as partes cessem as hostilidades simultaneamente, o que significa que sua efetivação depende da resposta russa.
Ataques às capitais na terça-feira (11)
Horas após o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, concordar com o acordo de cessar-fogo, a Rússia lançou um ataque aéreo em Kiev.
A medida parece ter sido uma resposta aos ataques ucranianos na capital russa na madrugada de segunda para terça, deixando pelo menos dois mortos, provocando incêndios e fechando aeroportos.
A ofensiva foi considerada o maior ataque de drones já realizado contra a capital russa, com pelo menos 91 artefatos direcionados a Moscou.
Pontos do cessar-fogo
Kiev, que anteriormente sugeria restringir a trégua ao espaço aéreo e marítimo, aceitou um cessar-fogo completo, enquanto aguarda garantias de aliados para evitar novos avanços russos.
O presidente ucraniano expressou apoio ao plano, destacando que a decisão final cabe ao Kremlin. “A Ucrânia está disposta a aderir e considera a proposta positiva. Agora os EUA devem persuadir a Rússia a aceitar”, declarou nas redes sociais.
Apesar da aceitação formal, Zelensky alertou sobre os riscos de uma pausa temporária nos combates, que poderia permitir a reestruturação das tropas russas.
Outro ponto-chave da trégua é a retomada do apoio militar e da cooperação em inteligência pelos EUA, que foram suspensos após desentendimentos entre Zelensky e Donald Trump na Casa Branca.
O documento também menciona a necessidade de iniciar negociações para garantir uma solução duradoura para a segurança ucraniana.
No plano econômico, a discussão girou em torno da exploração de minérios estratégicos para garantir a recuperação do país e justificar os investimentos americanos. Um acordo entre Zelensky e Trump sobre o tema, previsto para ser assinado em fevereiro, foi adiado por divergências entre os dois.
Repercussão nos EUA
O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Mike Waltz, e o secretário de Estado, Marco Rubio, consideraram o encontro na Arábia Saudita um avanço importante.
Rubio afirmou que a proposta será apresentada ao Kremlin. “A Ucrânia se mostrou aberta à negociação, resta saber qual será a resposta russa”, declarou.
Waltz deve se reunir com autoridades russas nos próximos dias, enquanto Rubio levará a questão ao G7, que ocorre em junho no Canadá.
Posicionamento de Moscou
A Rússia segue resistente a um cessar-fogo provisório e insiste em “compromissos concretos para um acordo final”.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que ainda aguarda informações detalhadas sobre o que foi discutido em Jeddah, mas a porta-voz da Chancelaria russa, Maria Zakharova, indicou que conversas com Washington podem ocorrer nos próximos dias.
Um dos pontos de maior tensão no debate é a questão territorial. Cerca de 20% do território ucraniano, dentro das fronteiras de 1991, está sob ocupação russa.
Moscou pressiona para que Kiev ceda parte dessas áreas em uma eventual negociação, enquanto a delegação diplomática dos EUA avalia até que ponto a Ucrânia deve manter uma posição intransigente.
Na segunda-feira (10), Marco Rubio reconheceu a dificuldade de uma retomada territorial completa por Kiev. “A Rússia não tem capacidade de conquistar toda a Ucrânia, mas é igualmente difícil imaginar que Kiev consiga, em um prazo razoável, empurrar os russos de volta às fronteiras de 2014”, disse.
Agora, o Ocidente deve aguardar a decisão do Kremlin, que definirá os próximos passos diplomáticos para o desfecho do conflito.
Fonte: R7
Foto: Divulgação/Presidência da Ucrânia